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Opinião

Campanha no campo

Com a saída oficial de Gleisi Hoffmann do cargo de ministra-chefe da Casa Civil tem início, de fato, a campanha à disputa pelo governo do Paraná. Uma batalha que começa ser travada no campo, um ambiente que é cara do estado. Não necessariamente da política, mas da economia paranaense. No sábado, Gleisi e o governador Beto Richa, candidato à reeleição, se encontraram em um evento de agricultores em Quarto Centenário, na região central. Nesta semana os dois também devem circular pelo Show Rural Coopavel, em Cascavel, na Região Oeste.

A presença dos pré-candidatos em agendas dessa natureza tem explicação na relevância e repercussão desses eventos, em especial do Show Rural, maior e mais conceituado evento de tecnologia agrícola do país. Os cinco dias de feira atraem dezenas de milhares de visitantes do Brasil e do mundo. Como não há palanque na exposição organizada pela Cooperativa Coopavel, dificilmente Gleisi e Beto Richa devem aparecer no local ao mesmo tempo. A princípio, a ida do governador está agendada para a manhã de hoje, data de abertura dos trabalhos. A de Gleisi para quinta-feira.

A participação do agronegócio na geração de emprego e renda também justifica levar a campanha para perto desse público. Se perto de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná começa no campo, é possível imaginar que a origem dos votos também segue a mesma proporção. Sem falar que bajular o agronegócio está na moda. Afinal, é o setor que sustenta o superávit da balança comercial, gera divisas e promove o desenvolvimento econômico e social de Norte a Sul do país. Em estados como o Paraná, então, assume papel fundamental no equilíbrio socioeconômico do público e do privado.

Não apenas Gleisi e Richa como qualquer outro candidato ou político são benvindos à pauta do agronegócio. Pré-candidatos ao governo federal e a governadores de outros estados também devem participar do evento em Cascavel. O agronegócio precisa da política e os políticos, ao que parece, precisam do voto que vem do agronegócio. Assim, é possível conciliar interesses e transformar esses encontros em palcos de debate sobre o futuro da atividade. De forma que o político não pareça um estranho no ninho, que não esteja ali apenas pelos votos, mas porque está preocupado em discutir interesses e demandas legítimas do setor.

Pouco adianta marcar presença nesses locais para falar de política que não seja aquela que interessa a esse público, composto genuinamente de produtores rurais. Até interessa tratar de temas como saúde, segurança e educação. Mas a pauta agora é temática. O ambiente é temático. Se continuarem a falar sobre repasses de verba do governo federal ao governo estadual, tema que provocou troca de farpas entre Gleisi e Beto Richa em Quarto Centenário, os pré-candidatos correm um grande risco de serem vaiados quando a plateia for menos urbana e mais rural.

Então, vamos nos respeitar. Discutir tudo que uma campanha exige. Mas vamos considerar os ambientes, os momentos e as demandas do público em questão, o que não deixa de ser uma maneira de qualificar o debate. O produtor, senhores candidatos, quer saber de infraestrutura, de armazenagem e escoamento da produção, de crédito e de seguro, de investimento em pesquisa e extensão rural, de defesa agropecuária e segurança jurídica – quando o assunto é o direito á propriedade. E se a campanha passa pelo campo, a linguagem também precisa ser a do campo.

Mudança no Mapa

Quem não deve aparecer no Show Rural deste ano é o ministro da Agricultura. Até porque, não se sabe até quando o atual titular do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) deve permanecer no cargo. A saída de Antônio Andrade é dada como certa. A disputa nos bastidores entre PT e PMDB (partido do atual ministro) está postergando a mudança. Até a semana passada, o deputado federal Silas Brasileiro, do PMDB mineiro, aparecia entre os mais cotados para assumir a pasta. Se ele tem ou não o perfil para assumir o cargo, agora pouco importa. O importante é que a troca ocorra o mais rápido possível. A indefinição prejudica não apenas o relacionamento e a presença do ministro em eventos como o da Coopavel. Mas coloca o ministério no compasso de espera em um momento crucial e decisivo ao agronegócio brasileiro, com a colheita de mais uma safra de verão e as discussões ao próximo Plano Safra, da temporada 2014/15.

A participação do agronegócio na geração de emprego e renda também justifica levar a campanha para perto desse público. Se perto de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná começa no campo, é possível imaginar que a origem dos votos também segue a mesma proporção. Sem falar que bajular o agronegócio está na moda.

 

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