O Paraná lança na próxima quinta-feira mais uma campanha de vacinação contra a febre aftosa em bovinos e bubalinos. Esta é segunda etapa de 2014. Segundo os cálculos de Inácio Kroetz, presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), nos últimos 48 anos foram mais de 130 campanhas. As imunizações, que inicialmente eram a cada quatro meses, a partir de 1995 passaram a ser semestrais. As campanhas são condição para garantir o status de área livre de aftosa com vacinação.
Nos últimos anos, porém, o estado se questiona sobre a obtenção de um novo reconhecimento, o de área livre da doença sem vacinação, a exemplo de Santa Catarina, única unidade da Federação nessa situação. Os últimos focos da doença no Brasil foram em 2005, em ocorrências registradas no Paraná. Desde janeiro de 2012 não foram notificados casos em todo o continente americano, o que segundo a Adapar são bons indicadores epidemiológicos para embasar a manutenção ou a mudança de estratégia e status do Paraná.
A ausência de registros da doença há oito anos é fato relevante. Mas estaria o Paraná preparado para assumir tamanho risco e responsabilidade? A criação da Adapar foi uma grande conquista nesse sentido. Mas a decisão de buscar o status sem vacinação vai além. Ela é técnica, política e econômica. A mudança pode representar mais um avanço à sanidade e à economia da pecuária paranaense. Mas a transição precisa ser minuciosamente preparada, de forma que o risco não se transforme em imprudência.
Na década de 70 o estado contava com 72 unidades veterinárias no Departamento Estadual de Fiscalização animal e vegetal. Transferida à Adapar, a estrutura vem sendo adaptada às novas demandas e conta hoje com 135 Unidades Locais de Sanidade Agropecuária (ULSA) e 227 escritórios municipais. Se a decisão for pela busca do novo status, que tem muito a ver com controle e monitoramento, vigilância e sanidade do rebanho paranaense ou em trânsito pelo Paraná, uma estrutura que parece um bom começo.
Liderança, concentração e risco
A se confirmar, o Paraguai deve superar a marca das 10 milhões de toneladas de soja em 2014/15. O país amplia a produção, consolida posição como o quarto exportador mundial e se destaca entre os pequenos produtores da América do Sul. Juntos, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Venezuela, Colômbia e Peru já somam 16 milhões de toneladas. Um volume que garante a liderança sul-americana na produção e exportação do grão, com mais da metade da oferta e do mercado internacional, com 52% e 54% respectivamente.
Das 313 milhões de toneladas que devem ser produzidas no planeta na atual temporada, 165 milhões estão no potencial do bloco. Dessas, 63 milhões de toneladas devem ser exportadas como grão. E se considerarmos a soja que é esmagada internamente e que segue para fora como farelo e óleo, perto de 100 milhões de toneladas serão embarcadas. A maior contribuição fica com Brasil e Argentina, que plantam uma safra para 94 milhões e 55 milhões de toneladas, respectivamente.
Com as 106 milhões de toneladas de soja previstas para a safra dos Estados Unidos, o continente americano terá ficado com 271 milhões de toneladas, o equivalente a mais de 85% da produção. Uma oferta extremamente concentrada, para um consumo altamente pulverizado, o que posiciona Brasil e Estados Unidos como os grandes fornecedores mundiais. Os dois países têm 200 milhões de toneladas ou 64% da oferta total. Não deixa de ser uma oportunidade, mas também um grande risco ao abastecimento.
Mas o momento não é dos melhores. Na referência da Bolsa de Chicago, o preço da soja perdeu quase 30% em um ano. A cotação média de outubro é a menor em quatro anos. Os estoques mundiais, na relação em dias de consumo, também estão mais do que confortáveis. A consequência são preços deprimidos, oferta em alta e crescimento menor. Iniciamos um novo ciclo de expansão. O agronegócio vai continuar crescendo. Mas a taxas mais adequadas. E sustentáveis.
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