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Disputa e oportunidade na exportação

Já não é mais possível afirmar que o Brasil é o maior exportador mundial de soja. Pelo menos por enquanto. O lugar de destaque, que posicionou o país no comércio internacional do grão — a commodity agrícola com maior liquidez no mundo —, está ameaçado. A disputa pelo primeiro lugar é com os Estados Unidos, país que durante décadas liderou absoluto a produção e a exportação, com larga vantagem na ponta do ranking.

Depois de perder a posição e admitir a liderança do Brasil, no ciclo anterior os norte-americanos voltaram a exportar mais soja que o Brasil. As projeções apontavam para embarques maiores pelos produtores brasileiros. Questões de clima e câmbio, no entanto, reduziram as vendas externas do grão da estimativa de 58 milhões para 51,6 milhões de toneladas. Nessa mesma temporada os norte-americanos colocaram no mercado internacional 56 milhões de toneladas.

Para o ciclo atual a concorrência deve ser ainda mais acirrada. O USDA, o departamento de agricultura dos Estados Unidos, sugere exportações de 58 milhões de toneladas. No Brasil, conforme projeção do AgroGP, o Núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo, há espaço para embarcar 59,5 milhões de toneladas. Os EUA precisam exportar mais para tirar do armazém uma safra recorde em 2016 de 117 milhões de toneladas e se preparar para a nova campanha, que pode render 113 milhões de toneladas.

O Brasil não só tem espaço como tem necessidade de embarcar um volume maior. As vendas externas estão entre as variáveis à sustentação de preço no mercado interno. O país se encaminha neste momento para uma colheita recorde da oleaginosa, que pela primeira vez supera a casa das 100 milhões de toneladas, com potencial para 105 milhões de toneladas. A favor do Brasil, o câmbio, que na casa dos R$ 3,10 favorece a exportação, ainda que a cotação na Bolsa de Chicago fique abaixo de US$ 10/bushel.

Milho

A disputa na soja será de dois gigantes, que controlam mais 60% da produção mundial e boa parte do comércio internacional do grão. Agora, oportunidade mesmo ao Brasil está no milho. A coluna da semana passada abordou esse assunto, que pela relevância ao agronegócio brasileiro merece novas análises. Disparados, os Estados Unidos são os maiores produtores e exportadores do cereal. Este ano, porém, eles devem reduzir área e produção, enxugando a oferta em quase 30 milhões de toneladas e a exportação em mais de 7 milhões de toneladas.

Associado a questões políticas e diplomáticas do governo protecionista do presidente Donald Trump, o cenário de produção e mercado da agricultura dos Estados Unidos pode abrir portas ao Brasil. E ao milho brasileiro. Com uma produção em 2017 que deve se aproximar das 90 milhões de toneladas de milho, o Brasil virou o ano com a expectativa de embarcar 21 milhões de toneladas, praticamente o mesmo volume registrado no ano passado. Com a nova realidade dos EUA, no campo e na política, essa perspectiva mudou para o Brasil, que quer, deve e pode exportar pelo menos 25 milhões de toneladas.

Produzir e Preservar

A discussão sobre a Escarpa Devoniana, formação que divide o Primeiro do Segundo Planalto paranaense — a Região de Curitiba e dos Campos Gerais — tem um novo capítulo nesta semana. O debate sai dos gabinetes e vai para uma audiência pública que ocorre na sexta-feira, dia 10, às 9 horas, no Cine Ópera, em Ponta Grossa. Em tese, um espaço mais democrático onde são colocadas não apenas posições passionais e ideológicas, como versões técnicas e legais sobre o assunto.

Atualmente a Escarpa Devoniana compreende 392 mil hectares protegidos, em 12 municípios. A polêmica que se estabelece neste momento é por causa de um projeto de lei em trâmite na Assembleia Legislativa que propõe a redução da área de proteção para 126 mil hectares. O projeto também virou uma queda de braço entre deputados de situação e oposição em frentes lideradas pelos deputados Plauto Miró Guimarães (DEM) e Péricles de Holleben Mello (PT).

Infelizmente, a parte da discussão que impacta a sociedade chega, na maioria das vezes, deturpada por questões ideológicas ou interesses políticos e econômicos que muitas vezes não correspondem à realidade. Avaliações, opiniões e versões que tratam o assunto em tom de ameaça e risco ou então de oportunidade, que, quando expostos de forma isolada, pouco colaboram para o entendimento. Por isso a importância da realização e da participação de todos os interessados em uma audiência pública.

É preciso entender e esclarecer para informar e opinar. Como é preciso preservar e proteger, mas também gerar emprego, renda e desenvolvimento. O turismo não deixa de ser uma excelente alternativa de exploração econômica em áreas de proteção. Mas sozinho ele não paga a conta. É preciso equacionar, produzir e preservar, delimitar e respeitar, o meio ambiente e a necessidade desenvolvimento.

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