Se é a maior ou a melhor do Brasil, como sugere o slogan, pouco importa. Se é a Feira do Paraná, como se chegou a cogitar no passado, idem. O que importa mesmo é que a ExpoLondrina é um grande evento e reúne, de fato, perto de 500 mil pessoas. Também é verdade que a parte absoluta desse público é muito mais urbana do que rural, o que também pouco importa, a considerar o amplo objetivo da feira, que vai do técnico ao entretenimento, do campo à cidade.
Sem falar que essa população urbana que vai à exposição tem muito a ver com o rural. Uma identificação que, talvez, não esteja diretamente relacionada ao campo, à produção. Mas que, indiretamente, acaba sendo impactada pela economia que nasce no campo. Não há como morar em Londrina ou no interior do estado sem ter sua vida econômica e social influenciada pelo agronegócio. Em um estado como o Paraná, nem mesmo Curitiba escapa dessa correlação.
O que importa é que a ExpoLondrina, que tem início na próxima quinta-feira, tem um pouco de tudo, de agricultura e pecuária, de cultura e de entretenimento, de urbano e de rural, de uma diversidade que faz esse evento único no Paraná e no Brasil. Alguns críticos da feira entendem que a ExpoLondrina não representa o agronegócio e que o evento deveria ter mais tecnologia.
Acredito que eles têm razão e que a Sociedade Rural do Paraná (SRP) deveria ouvir essa demanda mais técnica e de negócios. De qualquer maneira, seja por necessidade ou opção, o formato atual tem de ser valorizado. Até porque, a configuração parece atender não apenas às expectativas da diretoria da SRP como do público em geral. Afinal, meio milhão de visitantes não é para qualquer quermesse.
E depois, quem for à feira vai perceber que o agronegócio começa a estar mais presente dentro do Parque Ney Braga. A começar pelo Fórum da Soja, evento técnico e de mercado que abre a programação da exposição. Organizado pelo Agronegócio Gazeta do Povo e Cooperativa Integrada, com apoio da cadeia produtiva, o debate acontece na manhã desta quinta-feira, antes mesmo da abertura oficial da ExpoLondrina, programada para o período da tarde.
Mercado invertido
Em plena colheita na América do Sul, o mercado da soja segue invertido nas cotações da Bolsa de Chicago. Fechou a semana valendo US$ 14,36/bushel ou US$ 31,69/saca de 60 quilos. Na relação direta, a um câmbio de R$ 2,30, acima de R$ 70/saca. No Paraná, a considerar frete e prêmio no Porto de Paranaguá, a oleaginosa encerrou a sexta-feira valendo R$ 62,21. Um ambiente positivo para cotações, favorecido pela valorização do dólar e que precifica uma safra menor que o potencial inicialmente estimado no Hemisfério Sul e os baixos estoques do grão nos Estados Unidos.
Por questões políticas e econômicas, o USDA, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, tem dificuldade em admitir, mas os norte-americanos estão sendo obrigados a comprar soja aqui no Brasil para honrar seus contratos no mercado internacional. Eles tiveram uma boa safra no ano passado, mas dimensionaram mal a equação consumo interno, estoques e exportação e acabaram vendendo mais do que poderiam. O cenário contribui para consolidar o Brasil como maior exportador, com previsão de embarques em torno de 45 milhões de toneladas na safra 2013/13, contra 41,6 milhões de toneladas dos Estados Unidos.
Dia de USDA
Enquanto o mercado se movimenta ou então se sustenta com base nos fundamentos descritos anteriormente, a semana em Chicago deve ser fortemente influenciada por um novo relatório do USDA. O órgão divulga hoje informações sobre os estoques e também estimativa de área a ser cultivada na temporada 2014/15. Plantio, inclusive, que já teve início nas regiões mais ao Sul do Corn-Belt. Conforme previsões iniciais, os EUA devem plantar menos 1,4 milhão de hectares de milho e mais 1,2 milhão de hectares de soja. O mercado ainda acredita em uma redução menor no cereal assim como uma ampliação ainda maior na oleaginosa, tendência que pode, inclusive, vir sinalizada no relatório de hoje e ter grande impacto sobre os mercados agrícolas.
Alta no trigo
O bom momento do mercado de trigo estimula o cultivo do cereal no Brasil, que deve ter um incremento próximo de 20% em área e mais de 25% em volume de produção, com potencial para 7 milhões de toneladas. Ainda assim, teremos de importar mais de 5 milhões de toneladas para garantir o abastecimento interno. No Paraná, a previsão é que o cereal ocupe 1,2 milhão de hectares, variação de 23%. A depender das condições climáticas, a produção terá potencial para 3,6 milhões de toneladas, praticamente o dobro do volume da última produção. Tanto no estado quanto no país a cultura recupera área e produtividade. Os preços no mercado interno seguem firmes, acima de R$ 42/saca. E, como que por ironia, o governo federal reajustou o preço mínimo do trigo, corrigido em 5%. Passa de R$ 31,86 para R$ 33,45/saca. O que corresponde a R$ 557,50/tonelada, ao trigo classe Pão, tipo 1, na Região Sul. A questão é que agora, com o preço e demanda aquecidos, dificilmente o produtor terá de acessar a política de garantia de preços mínimos.
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