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A divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) de 2015 confirmou o que a economia já sabia. Estamos em recessão. A novidade está no tamanho do rombo, que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é maior do que o mais pessimista dos analistas poderia prever. Negativa em 3,8%, a variação revela a maior retração em 25 anos. Mas nem tudo está perdido. Poderia ter sido muito pior, não fosse o desempenho positivo da agropecuária. O setor cresceu menos que em 2014. Mas cresceu. E cresceu bem. Com avanço de 1,8%.

No cenário atual, sem dúvida um número a ser comemorado. Na linha do tempo, porém, o resultado do agro traz uma certa preocupação. Além de ser o menor índice desde 2012, o crescimento representa a metade da média histórica de 3,6%, em série iniciada em 1996. No ano passado o setor avançou 2,1%, o que revela que não estamos imunes à crise. E que só não acompanhamos a queda geral porque nossa agropecuária está alavancada não apenas no ambiente doméstico, mas principalmente na demanda internacional.

Com participação de 7% na composição do PIB nacional, não fosse o resultado da agropecuária, a economia brasileira poderia ter encolhido até 4,5%, apontam os analistas. Também vale lembrar que o agronegócio como um todo, que considera a adição de valor à produção primária pela agroindústria, amplia sua participação e tem 23% do produto interno. Na metodologia do IBGE, a agroindústria está no segmento indústria, que levou um tombo de 6,2%.

No início do ano, os dados do Caged, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, elaborado pelo Ministério do Trabalho, de certa forma antecipava o comportamento da agropecuária ou do agronegócio. A economia que tem base no campo foi a única a encerrar 2015 com saldo positivo entre contrações e demissões no mercado de trabalho. O câmbio e as exportações recordes de soja, milho e frango também apontavam para um ano melhor na comparação com outros segmentos que compõem o indicador das riquezas geradas pelo país. Em suma, o agro avança porque avança em produção e exportação.

Os números mostram um Brasil sustentado em sua vocação natural. E que é possível e também preciso apostar no campo, investir em logística e tecnologia para tornar a atividade mais competitiva. A considerar que este é o único recorte do PIB no azul em 2015, investir no agronegócio como forma de reverter o viés de baixa com certeza será um bom negócio. Feito de ciclos, e ciclos curtos, que se renovam a cada 12 meses, este talvez seja o setor mais dinâmico e com capacidade de dar uma resposta mais rápida à recuperação.

Não que o agro seja a salvação da lavoura. O campo vai continuar crescendo e ampliando sua participação no PIB. Mas está longe resolver o problema crônico da economia brasileira, de uma crise que é mais política do que econômica. De qualquer forma, o agronegócio vai continuar dando suporte para amenizar os efeitos da crise. Não que essa seja a única saída ou solução. No curto prazo, porém, é a única luz no fim do túnel. As previsões para 2016 apontam para um PIB novamente negativo em 3,5% e um PIB da agropecuária crescendo próximo de 2%.

Paraná

Base da economia, o desempenho da agropecuária e do agronegócio tem impacto ainda maior no Paraná. Maior produtor e exportador de carne de frango do país, segundo maior produtor de soja e milho, o estado ainda é beneficiado pelo logística, via Porto de Paranaguá e pela indústria de agregação de valor. Como estado mais agroindustrial do país, não somente a atividade do campo como da agroindústria colaboram para um PIB descolado da média nacional.

Por aqui, o crescimento de 4,4% da agropecuária suavizou o impacto negativo do PIB nacional e a queda no índice regional foi menor, baixou para 2,8%. No conceito amplo de agronegócio, pelo menos 35% do PIB estadual vem do campo.

Uma riqueza focada em produção, agroindústria e exportação, sinônimo de tecnologia, mercado e, principalmente, emprego. Emprego que distribui renda e promove outros indicadores, como comércio e serviço. Uma atividade quase que transversal, que pode não resolver o problema de conjuntura, mas que tem contribuição decisiva.

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