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Esse recorte do estado paranaense tem produção agrícola e pecuária, tem emprego e renda que enchem os olhos e garantem o desenvolvimento econômico e social. | HENRY MILLEOGazeta do Povo
Esse recorte do estado paranaense tem produção agrícola e pecuária, tem emprego e renda que enchem os olhos e garantem o desenvolvimento econômico e social.| Foto: HENRY MILLEOGazeta do Povo

Quedas d’água, cânions, trilhas, fauna singular e flora exuberante. Vistas de perder o fôlego e até onde os olhos podem ver. Natureza, turismo e preservação. Recursos e belezas naturais únicas, quase que intactas, com pouco ou quase nenhuma interferência do homem. Essa é a Escarpa Devoniana, definida por uma formação rochosa que corta 12 municípios do Paraná, entre o 1º e o 2º planaltos.

Mas não é só isso. Esse recorte do estado paranaense tem produção agrícola e pecuária, tem emprego e renda que enchem os olhos e garantem o desenvolvimento econômico e social. Uma região que tem muito a oferecer, que pode conciliar produção e preservação de maneira racional e sustentável, socioeconômica e ambiental.

O que não se pode, sob de pena de comprometer a economia da região, e a própria preservação, é agricultura, pecuária e florestas plantadas serem tratadas como risco ou ameaça. O agronegócio é vocação natural, base de um processo estruturado a partir da produção primária, da agricultura e da pecuária, que definem o perfil econômico do estado.

Se em produzir e preservar está o grande desafio da sociedade moderna, imagem então no Paraná. Uma responsabilidade e uma missão, de cada um nós. Uma discussão que bate à nossa porta e exige serenidade, cautela e precaução. Em especial quando se estabelece um debate polarizado, com vícios ideológicos e de interesses, sem muito equilíbrio e entendimento sobre o mérito da questão.

Nem eu, nem você e nem ninguém é contra a proteção e preservação dos recursos naturais. É como se fossemos contra a vida. Como também ninguém é contra o emprego, a renda e a produção

Delimitar a Escarpa Devoniana, proposta em projeto de lei na Assembleia Legislativa, não significa acabar com essa área de proteção. O que se pretende é ser mais exato em relação à área que precisa de fato ser delimitada. Seria como definir a essência da escarpa nos limites da necessidade de proteção desse ecossistema. Uma demarcação que considera proteção e produção. Que sugere integração, interação e convivência entre recursos e necessidades econômicas e ambientais.

De qualquer formar, seja você contra ou a favor, a audiência pública realizada na última sexta-feira, em Ponta Grossa, cidade polo da Região dos Campos Gerais e praticamente o ponto central da escarpa, mostrou que o tema ainda carece de muito debate. Mais do que isso, de muito esclarecimento. Motivadas por questões ideológicas, interesses políticos e econômicos, a audiência não conseguiu cumpriu o papel de esclarecer. Os embates, menos técnicos e mais políticos e passionais, comprometeram o objetivo da audiência, de ouvir, informar e esclarecer a sociedade.

Nem eu, nem você e nem ninguém é contra a proteção e preservação dos recursos naturais. É como se fossemos contra a vida. Como também ninguém é contra o emprego, a renda e a produção. E se vivemos em um estado privilegiado, que produz e preserva, não há outro caminho que não seja o equilíbrio, até como condição ao desenvolvimento sustentável, econômico e ambiental. Em um estado onde mais de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) têm origem no agronegócio, produzir é tão importante quanto preservar.

A Escarpa Devoniana soma 392 mil hectares, em 12 municípios. O projeto de lei em tramita na Assembleia Legislativa reduz a área de proteção para 126 mil hectares. A delimitação tem como objetivo regularizar empreendimentos e permitir novos investimentos. Muitos deles, inclusive, com pouco ou quase nada de impacto ambiental. É o caso da usina eólica proposta pela Cooperativa Frísia, com sede em Carambeí. A produção, energia. A matéria-prima, o vento. Interação, exploração racional e sustentabilidade.

Câmbio

Com as cotações na Bolsa de Chicago mais estáveis e a safra sul-americana precificada, o câmbio assume papel predominante nos negócios com a soja no Brasil. A valorização do dólar frente ao real volta a favorecer os negócios com o grão, que na semana passada atingiu máximas de R$ 67,50/saca de 60 quilos no interior do estado. A sexta-feira encerrou com média de R$ 62,64.

Os preços estão abaixo das médias verificadas em janeiro e fevereiro, de R$ 65,45 e R$ 63,89, respectivamente, conforme o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual da Agricultura (Seab). Ainda assim, uma janela interessante de comercialização a considerar uma temporada de safras e estoques cheios nos países produtores. Associado a isso, outro fator que estimula as vendas é a incerteza em relação ao comportamento do câmbio.

Para se ter uma ideia da influencia do dólar nas cotações internas, com um câmbio de R$ 3,10, como há uma semana, a saca de soja na relação direta com as cotações na Bolsa de Chicago vale R$ 68,38. Com o dólar na casa dos R$ 3,15, como nos últimos dias, essa mesma saca vale R$ 69,48. Uma diferença de R$ 1,1/saca. Parece pouco. Mas só parece. Aplique essa variação em 1 mil, 10 mil ou 100 mil sacas. Pode estar aí a rentabilidade da lavoura.

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