Nas vésperas da missão russa que deve desembarcar no país em novembro, o Paraná se antecipa, faz a sua parte e convoca a cadeia produtiva da carne para discutir o futuro da produção e do mercado de carnes ao Paraná e ao Brasil. Com o seminário “Potencialidades e Estratégias para Exportação de Carnes do Paraná”, o estado chama a responsabilidade para uma iniciativa e mobilização que, a priori, deveria partir de Brasília, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O evento vai debater e apontar caminhos que deveriam ser prioridade e prerrogativa do governo federal, em parceria com os estados. Contudo, se quem deveria fazer não o faz, alguém tem que fazer.
Organizado pela Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura do Paraná (Seab), o seminário vai reunir as principais autoridades no assunto a nível estadual e nacional. Com exceção do Ministério da Agricultura, que não tem representantes na programação. Por que? Não sei. Talvez o Mapa não tivesse agenda ou simplesmente não tenha sido convidado. Ou então porque a abordagem neste momento seja restrita ao Paraná, para na sequência ser encaminha à Brasília. Até porque, questões de sanidade, acesso e abertura de novos mercados passa, necessariamente, pelo Federal.
Embora, na atual configuração do Mapa e da Defesa Sanitária nacional eu acredite que, em alguns momentos, a ausência do ministério não seja de todo mal. O que a carne brasileira e paranaense precisa é de estratégia, econômica e sanitária, que vai além dos gabinetes em Brasília. Estratégia que exige, sim, posicionamento político, principalmente nas relações internacionais. Mas que requer, acima de tudo, competência técnica na defesa da carne nacional no ambiente internacional. E não estamos falando apenas de entidades e departamentos, públicos e privados, como da capacidade, formação e experiência de pessoas.
A atual conjuntura, aliás, exige cada vez mais mobilizações como a que ocorre hoje, no Paraná, com o seminário da Adapar. Porque, de certa forma, há um vácuo nessa área em debates e iniciativas que promovam o tema. E quando alguém chama e provoca o debate, o resultado é a presença maciça do setor, que carece de ações, estratégias e informações. Tanto é, que pela presença anunciada pelo organizador, até parece uma reunião convocada pelo próprio Ministério da Agricultura, em seus bons tempos. Olha só o peso da representação. O programa do seminário prevê a participação de Abrafrigo, Sindicarne-PR, Sindiavipar, Ubabef, Abipecs, Abiec, Faep e Ocepar, além de Seab e Adapar.
Quem são essas entidades? Elas representam o dentro e fora da porteira, o produtor e sua representação, as cooperativas e sua representação a indústria e o mercado – interno e exportação – e suas respectivas representações. Reforçando, estamos tratando com todos os elos da cadeia produtiva da carne, o público e o privado, com exceção do Mapa. O seminário ocorre na sede da Adapar, que funciona no mesmo prédio da Seab, em Curitiba.
O seminário tem importância redobrada por conta de outras duas importantes agendas da pecuária no Brasil e no Paraná. Em novembro está prevista uma nova missão da Rússia, com objetivo de habilitar novos frigoríficos à exportação. E em dezembro ocorre em Foz do Iguaçu a “Conferência Global sobre Educação Veterinária”.
Não é banco
Na última sexta-feira comemorou-se o Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito. A data sugere uma reflexão sobre o crescimento e o potencial dessa importante e relevante alternativa ao sistema financeiro tradicional. Uma reflexão que começa pelo fato de uma cooperativa não ser um banco, mas também uma instituição financeira, onde as soluções vão muito além e obrigatoriamente são partilhadas com os associados, no caso os cooperados, que não apenas fazem parte como são donos do negócio.
Também vale lembrar das cooperativas de livre admissão, um marco legal e um divisor de águas no sistema de crédito cooperativo, que completa 10 anos em 2013. Uma década de avanços e consolidação do sistema também no meio urbano, conquistas que contribuíram para um crescimento exponencial do cooperativismo de crédito. Nesses dez anos o número de cooperados, que eram basicamente vinculados ao meio rural, saltou de 250 mil para 2,3 milhões.
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