Do vinho ao chimarrão, do leite à carne, do tabaco aos alimentos orgânicos, grãos, frutas e verduras, a Expedição Agricultura Familiar desvendou na semana passada uma realidade bastante peculiar não apenas do Rio Grande do Sul, como da produção brasileira. Um ambiente diversificado, não necessariamente por opção, mas como condição à sobrevivência dessas pequenas áreas, desses pequenos produtores, desse campo que movimenta o Brasil que produz.
Um verdadeiro retrato da nova e moderna agricultura familiar. Um negócio verdadeiramente familiar em sua essência, da teoria à prática, ao dia a dia do manejo e da lida na propriedade. Mas que nem por isso deixa de ter tecnologia, gestão e ambição, de crescer, ter escala, adicionar valor, acessar mercados e evoluir. O que não significa, necessariamente, ser grande, mas respeitado, eficiente e sustentável.
E a segunda etapa da jornada que tem como objetivo traduzir a revolução silenciosa e sustentável da agricultura brasileira também já começou. Os técnicos e jornalistas do Agronegócio Gazeta do Povo e das entidades parceiras no projeto pegaram a estrada hoje, logo cedo, com destino a Santa Catarina, o segundo dos seis estados a serem visitados pelo projeto. Ao todo, serão 15 mil quilômetros até Juazeiro, na Bahia, passando ainda pelo Paraná, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. A operação de campo envolve 12 pessoas, da área técnica e de profissionais da comunicação. Pelo menos outras dez pessoas dão suporte remoto à equipe.
Em Santa Catarina também será realizado o primeiro dos seis seminários “Tendências da Agricultura Familiar no Século 21”. O palco das atividades será a cidade de Chapecó (SC) e reunirá produtores, técnicos e representantes da sociedade organizada, de agentes públicos e privados envolvidos no setor. O encontro será na quinta-feira, dia 1º de outubro, a partir das 8 horas, no auditório da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).
O projeto conta com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU), Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Souza Cruz, Sicredi, Asbraer e Toyota do Brasil. Para conferir um pouco do que a Expedição encontrou e retratou no Rio Grande do Sul, acesse o diário de bordo do projeto no site www.agrifamiliar.com.br
Câmbio turbina futuro da sojaO dólar valorizado faz disparar a venda antecipada da soja da nova safra brasileira, do ciclo 2015/16, que apenas começa a ser plantada. Na semana passada, depois de romper a casa dos R$ 4, o câmbio trouxe ainda mais liquidez ao mercado. Os analistas estimam que a comercialização antecipada está perto de 50% do potencial a ser colhido na temporada. Maior produtor da oleaginosa, o Mato Grosso já comprometeu mais de 40% da safra 2015/16. No mesmo período do ano passado, os negócios fechados estavam a pouco mais de 10%.
A Expedição Safra Gazeta do Povo projeta uma produção para 100 milhões de toneladas. Um volume recorde para uma exportação também recorde da soja em grão, que pode atingir 55 milhões de toneladas. Na semana passada, a saca de 60 quilos de soja teve máxima de R$ 77 e mínima de R$ 70 no mercado do Paraná, reflexo principalmente do efeito câmbio nas cotações.
Para a Federação da Agricultura do Paraná (Faep), no entanto, é preciso ficar atento para o efeito perverso e reverso do câmbio com o aumento dos custos de produção e da inflação. Os analistas da entidade destacam a importância do planejamento, com adoção de estratégias de comercialização, de gestão de custos e de boas práticas agrícolas.
Errata- Na semana passada a coluna informou de maneira equivocada que o município de Canguçu, o maior minifúndio do Brasil, ficava no Rio Grande do Norte. O correto é Rio Grande do Sul. Foi uma distração do autor. Com 14 mil pequenas propriedades rurais, o município foi o ponto de partida da Expedição Agricultura Familiar, que tem como destino final Juazeiro/Pretrolina, na Bahia, referência na produção de frutas tropicais no país.