E o feijão segue em alta. A variedade de cor, ou carioquinha, fechou a semana passada cotada a R$ 426,17 de média e R$ 550 de máxima no Paraná. O feijão preto, média de R$ 203,23 e máxima de R$ 250 a saca de 60 quilos. Isso significa, no preço médio, R$ 7,10 e R$ 3,38/quilo do produto pago ao produtor, respectivamente. Ao consumidor, depois do beneficiamento, o feijão branco já passa de R$ 10 e o preto de R$ 5 por quilo.
Na média mensal, o de cor encerrou junho com R$ 378,13 contra R$ 111,80 a saca em relação ao mesmo período de 2015. E o preto com R$ 193,22 em 2016 e R$ 85,55/ saca no ano passado. Amento de 240% e quase 130%, respectivamente. Na esteira do feijão, segue o arroz, que em um ano subiu de R$ 49 para R$ 61,67/saca em média na comparação entre junho de 2015 e junho de 2016. Uma variação de 25%.
É o prato feito, a dieta básica da população brasileira mais cara. Aliás, muito mais cara. Bom para o produtor, nocivo para o consumidor, que busca alternativas de consumo principalmente para a leguminosa. Mas só tenta, porque não tem como substituir o feijão. Pelo menos não no gosto, na proteína e na tradição. A saída está sendo mesmo racionar o consumo.
Com um câmbio de R$ 3,25, uma saca de feijão de cor já vale pelo menos duas vezes a cotação do barril de petróleo, cotado próximo de US$ 50 ou R$ 160. A cotação da saca também vale duas vezes o grama do ouro, em torno de R$ 140. O feijão preto é a variedade que se aproxima mais das cotações do petróleo e do ouro. Ainda assim, vale mais que as commodities minerais.
Nova safra, novo ministro
Está aberta a nova temporada agrícola no Brasil. Oficialmente, a safra 2016/17 teve início na última sexta-feira. A esperada, embora improvável, redução na taxa dos juros em alguns dos programas do plano safra não veio, pelo menos por enquanto. Ministro a menos de dois meses, o senador e produtor rural Blairo Maggi, que também foi governador do Mato Grosso, o maior estado produtor de grãos do país, chegou a cogitar a possibilidade de uma taxa menor.
Em meio a um ambiente econômico nacional não muito favorável, parece que o Ministério da Agricultura (Mapa) não consegue convencer o Ministério da Fazenda a desembolsar mais recursos do Tesouro para a equalização dos juros do novo plano safra. Assim, permanecem as regras anunciadas às pressas pela então ministra da Agricultura e senadora Kátia Abreu pouco antes de deixar o comando do ministério com o afastamento da presidente Dilma Rousseff, no início de maio.
Ou seja, a taxa de juros básica a ser praticada nesta safra será de 9,5% ao ano, contra 8,75% no ano passado. Em tese, os recursos totais, a juros livres e controlados serão de R$ 202,88 bilhões. No ano passado foram R$ 187 bilhões.
Na sexta-feira, no entanto, o secretário de Política Agrícola Neri Geller disse pela assessoria de imprensa do ministério que os recursos sofreram redução e ficaram R$ 185 bilhões. “Isso é reflexo do redimensionamento da Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), que terá em torno de R$ 10 bilhões à taxa controlada de 12,75% ao ano”, traz a nota do Mapa. Se for isso mesmo, o total de recursos ficará muito próximo do ano passado.
De qualquer forma, independente se a taxa de juros será reduzida ou não, a diferença entre o anunciado por Kátia Abreu e o destacado pelo Mapa são R$ 17,88 bilhões, valor significativo e que pode fazer falta. E que precisa ser entendido pelo setor. É “alteração”, como diz o Mapa, é redução, remanejamento ou contingenciamento? É preciso explicar, é preciso entender e compreender o que se passa em Brasília. Porque vai impactar no campo.
Maggi no Paraná
Porém, a oportunidade para o esclarecimento está próxima. Nesta semana está prevista uma visita do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e do secretário Neri Geller ao Paraná. Eles vão se reunir com lideranças e entidades de representação do agronegócio no estado. Blairo também cumpre agenda com o Departamento de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR), escola onde se formou engenheiro agrônomo.
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