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Bolsa de Chicago: relação com o dólar foi  como trocar seis por meia dúzia no mercado agrícola interno | José Rocher/Gazeta do Povo
Bolsa de Chicago: relação com o dólar foi como trocar seis por meia dúzia no mercado agrícola interno| Foto: José Rocher/Gazeta do Povo

Entre quarta-feira (17) e sexta-feira (19) o dólar comercial teve a maior alta em 18 anos e a maior baixa em nove anos. A intensa variação tem relação direta e exclusiva com um novo capítulo da crise política que contamina a economia brasileira. O câmbio saiu de R$ 3,13, foi a R$ 3,39 e recuou para R$ 3,25. Uma gangorra com efeitos colaterais igualmente intensos na economia nacional, em especial nas relações de comércio internacional que atinge em cheio o agronegócio. No mercado de grãos, causa euforia e apreensão, no campo e no mercado.

Enquanto o produtor entrou vendendo forte, o comprador até correspondeu à disposição da oferta, mas não muito. Isso porque o desastre político que contaminou a economia e trouxe um dólar totalmente fora da curva também estabeleceu um ambiente de incertezas e de muita insegurança dos rumos que o câmbio iria ou irá tomar. Um cenário vulnerável e de muita precaução para grandes negócios, apostas e transações.

Para não fugir à regra, gangorra também na relação entre câmbio e cotação na Bolsa de Chicago, referência na formação de preço no mercado internacional de commodities agrícolas. Foram e serão raros os momentos de alta simultânea no dólar e em Chicago. E desta vez não foi diferente. A apreciação do dólar veio com uma depreciação dos preços internacionais das commodities agrícolas. A soja, que na quarta-feira atingiu US$ 9,75/bushel (27,2 quilos), encerrou a sexta-feira cotada a US$ 9,44/bushel.

Na semana passada, a relação dólar/Chicago foi como trocar seis por meia dúzia no mercado agrícola interno. No exemplo da soja, o grande ativo do agronegócio brasileiro, a US$ 9,75/bushel e câmbio de R$ 3,13 o preço de referencia da saca de 60 quilos no Brasil é de US$ 21,27 ou R$ 66,57. Já os US$ 9,44/bushel ao câmbio de R$ 3,25 representam US$ 20,60 ou R$ 66,93.

De qualquer forma, entre as principais variáveis da formação de preços no mercado interno, no momento o câmbio passa a ser a mais ativa. O grande problema é que estamos falando de um câmbio influenciado não por questões econômicas, pontuais dentro de um contexto econômico-financeiro. A crise é maior, vai além e afeta a confiança de investidor e consumidor. É estrutural, política e muito profunda, o que dificulta qualquer projeção da economia agrícola, altamente globalizada e atrelada ao comportamento do dólar.

Nos próximos dias, portanto, semanas talvez, o mercado segue no escuro. Um período onde a referência câmbio acentua o risco e a oportunidade do negócio. Ou do agronegócio, onde centavos de reais ou centavos de dólares fazem a diferença na rentabilidade do produtor, onde formação de preço no mercado interno e cotação internacional são menos influenciadas por oferta e demanda e mais pela instabilidade cambial. O resultado: imprevisibilidade. Ambiente que segue enquanto persistir a crise política. Ou seja, deve demorar. E não tem prazo para terminar.

Plano Safra 2017/18

Nos corredores do Ministério da Agricultura, e Ministério da Fazenda, os técnicos discutem à exaustão as novas regras do Plano Agrícola e Pecuário 2017/18. O desafio: anunciar o novo Plano Safra ainda em maio. O que significa dizer que o governo federal tem pouco mais de uma semana para isso. E na semana passada, com o agravante do caos político-institucional que se abateu sobre o Palácio do Planalto, essa definição fica a cada dia mais longe. Além do que, já está atrasado. No exercício anterior, o ciclo 2016/17, o PAP foi apresentado no dia 04 de maio.

Enquanto isso, o bombeiro Eumar Novack segue no comando do Ministério da Agricultura. O ministro Blairo Maggi, que no mês crucial e decisivo ao Plano Safra saiu do país para mais uma das inúmeras viagens internacionais que fez no primeiro ano de mandato, parece que ainda não retomou de fato o seu posto, que deve fazer nesta segunda-feira. Até sexta-feira quem seguia representando o Mapa era Novack, pelo menos nos eventos e compromissos fora de Brasília.

E agora, como não resolveu antes, Maggi terá mais dificuldade e um ambiente pouco favorável para o anúncio do Plano Safra 2017/18. No ano passado não foi diferente. As regras foram definidas e conhecidas em meio ao processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. A semana então será de muito trabalho e costuras políticas. Quero ver encontrar espaço para pauta agrícola, que não pode mais esperar. É com você Maggi!

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