A discussão sobre a viabilidade da nova rota de escoamento da produção de grãos do Brasil está vencida. O chamado Arco Norte é uma realidade, está acontecendo e começa a estabelecer certa lógica à expansão do agronegócio no país. O que não está devidamente dimensionado, no tempo e no espaço, é o potencial dessa alternativa, seja como condição ou então opção logística, sempre a depender de onde está e onde cresce a produção agrícola nacional.
As conexões multimodais, que conferem maior competitividade às regiões Oeste e Norte de Mato Grosso, por exemplo, são fantásticas. Levar soja de caminhão até Porto Velho (RO) e depois em barcaças até Itacoatiara (AM) ou Santarém (PA) pelos rios Madeira, Amazonas e Tapajós é gastar menos tempo e dinheiro e explorar uma vocação logística natural no caminho pelas águas. A realidade é a mesma rumo a Itaqui, no Maranhão, onde os grãos do MaToPiBa, no Centro-Norte, chegam de trem ou de caminhão.
O que dizer então da produção que sobe de caminhão a BR-163 até Miritituba, no Sul do Pará, e, depois de uma operação de transbordo, desce o rio em direção ao Porto de Santarém ou para o complexo de Belém? Isso tudo com um enorme ganho de escala atribuído ao transporte fluvial. A capacidade de uma única barcaça é igual à de 50 caminhões de 40 toneladas. Os comboios de embarcações, comuns nesses trechos, transportam uma carga total equivalente a 1 mil caminhões.
Mas há condições e limitações, paradigmas e verdades que precisam ser vencidas e esclarecidas, como a relação entre Norte e Sul. A área potencial da influência dessa nova infraestrutura logística abrange Norte e Centro-Oeste. A disputa direta por carga travada pelo Arco Norte, se é que ela vai existir, será mais com Santos, no Sudeste, do que necessariamente com os portos do Sul, como Paranaguá, São Francisco e Rio Grande, onde há perspectiva não de perder, mas de ganhar em volume, eficiência e competitividade, a considerar o aumento da produção e das exportações de produtos primários e derivados do agronegócio.
Na edição de hoje, especial Arco Norte, o Agronegócio Gazeta do Povo se propõe a desvendar parte dessa realidade, potencializar e promover essa discussão pertinente não apenas ao Norte, como também ao Sul. Um debate recheado de interesses e conveniências que vai além do agronegócio e permeia a economia do país, que tem a ver com desenvolvimento, com o presente e o futuro de toda uma nação.
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