A especulação sobre a nova equipe do governo Dilma Rousseff não deixa o agronegócio de fora. Cresce a mobilização e o lobby de lideranças da área política, do setor produtivo e das entidades de representação. O nome mais cotado neste momento para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é o da senadora Kátia Abreu, que no 2.º turno das eleições escancarou seu apoio à reeleição da candidata petista.
Ela foi contra alguns dos seus pares e à vontade da maioria absoluta de seus representados na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), onde cumpre o seu terceiro mandato como presidente. E também no Congresso Nacional, onde contraria orientação e amplia suas divergências com a bancada ruralista, de maioria declarada e simpatizante do então candidato Aécio Neves.
Incerto é o destino do atual ministro Neri Geller. Ex-deputado, secretário de Política Agrícola do Mapa na gestão dos ministros Mendes Ribeiro e Antônio Andrade, produtor e líder classista, ele está no ministério desde janeiro de 2013. Foram 15 meses como secretário e, por enquanto, sete meses e meio no comando da pasta. Ganhou experiência, está sendo um bom ministro, faz um bom trabalho e pode sim ser um nome para continuar.
Como produtor, ampliou o diálogo e a presença no setor, mas ainda enfrenta certa dificuldade política no relacionamento com o governo, em especial quando o assunto envolve o Ministério da Fazenda. Geller sabe, por exemplo, o peso do agronegócio na economia do país. O governo, no entanto, ainda não dispensa atenção proporcional à crescente e relevante participação do setor no desenvolvimento do país. Uma realidade que dificulta ainda mais a atuação não apenas de Geller, mas de qualquer ministro que venha a ser o titular do Mapa.
Mas essa relação terá que mudar. Porque o agronegócio vive mudanças. Vivemos uma década de ouro, com os preços das principais commodities em alta, com oferta ajustada à demanda ou então menor que a demanda. O resultado foi um mercado extremamente aquecido, consumo doméstico em alta e exportações mais ainda. Foram tempos de novos e grandes investimentos, de taxas de crescimento e rentabilidade bastante generosas.
O ciclo agora é outro, o que não significa necessariamente recessão. O Brasil vai continuar a crescer, mas a taxas digamos que mais adequadas, de modo a retomar o equilíbrio entre oferta e demanda. É um novo momento, onde as margens já estão mais apertadas. Isso é realidade. O segmento parte agora para um crescimento mais sustentável.
A aposta do Brasil em 2014/15 segue nessa linha. Não dá mais para crescer acima de 12 milhões de toneladas ao ano, como experimentou a produção brasileira de grãos nos últimos cinco anos. O potencial para a área que está sendo plantada é de 202 milhões de toneladas, apenas 7 milhões de toneladas acima das 195 milhões do exercício anterior. Uma variação de 3,6%. A variação menor tem a ver com preço e liquidez das principais commodities agrícolas.
A cotação da soja, por exemplo, o maior ativo do agronegócio na América do Sul, perdeu mais de 25% em um ano. A cotação atual, apesar da reação em outubro, é a menor em quatro anos. Com o milho não é diferente. Os tempos então são difíceis, embora o agronegócio já tenha passado por períodos mais turbulentos e sobreviveu. Mais do que isso. Saiu fortalecido. Até porque é impossível ignorar a vocação natural, que confere uma oportunidade sem precedente ao potencial do Brasil.
Então, seja quem for o novo ministro, o agronegócio não é mais o mesmo da última década. Ser ministro quando o setor vai bem, com soja de até R$ 80 a saca é uma coisa. Quero ver ser ministro com a soja a R$ 40 a saca. Se vier a Kátia Abreu, ficar o Neri Geller ou então surgir um novo nome – que provavelmente será do PMDB –, o fato é que agora é que o Brasil realmente vai precisar de um ministro da Agricultura.
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