A chuva chegou na hora certa, exatamente na semana em que acaba o vazio sanitário da soja e o zoneamento agrícola abre oficialmente a temporada de verão. O que falta agora é ela ser bem dosada, de forma que o plantio possa ser escalonado e as lavouras encontrem condições para expressar todo o seu potencial, pelo menos no que diz respeito a melhor época de cultivo. Além de dar a largada no plantio, as chuvas dos últimos dias, apesar da intensidade desproporcional e preocupante, também marcam o fim do inverno (sábado) e o início da primavera (domingo).
Ontem, choveu em todo o estado. Para quem conseguiu plantar na semana passada, ótimo. Para quem não teve condições de semear, vai precisar de uma semana sem chuva para poder entrar com as máquinas, a considerar a condição de extrema umidade do solo, consequência de um final de semana de precipitação contínua e acima da média. De sexta a domingo teve de tudo. De precipitação fina a temporais e granizo, vento forte e chuva congelada. Foram registradas ocorrências com estragos em quase 100 cidades do estado, de Norte a Sul, de Leste a Oeste.
A precipitação demasiada em curto espaço de tempo preocupa porque, em volume, está na safra de verão a grande aposta do Paraná no desempenho do ciclo 2013/14. Para romper a casa das 40 milhões de toneladas de produção total, conforme estimativa inicial da Expedição Safra Gazeta do Povo, o verão deve render ao estado perto de 24 milhões de toneladas somente entre soja e milho. Contudo, os extremos verificados neste início de plantio dificultam as previsões e mais uma vez é o clima quem vai definir se as culturas terão ou não condições de expressar todo o seu potencial produtivo, a começar pelas condições favoráveis ou não de plantio.
Vale lembrar que chove em todo o estado, mas que as janelas de plantio são diferentes entre as regiões. A melhor época de plantar depende sim das chuvas. Mas de chuva na medida certa, bem como de questões que tem a ver com microclimas, solo, tecnologia e outras opções do produtor, como, por exemplo, em fazer ou não a segunda safra de milho. De qualquer forma, a chuva é bem-vinda. Mas para que o plantio possa deslanchar, agora seria bom que ela desse uma trégua, para que a primavera possa fazer a sua a parte, colorindo as cidades e também os campos com germinação das primeiras lavouras de soja e milho da temporada 2013/14.
Ministro fora do eixo
Na semana passada o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Antônio Andrade fez uma das suas poucas aparições fora do eixo Brasília – Minas Gerais. Na quinta-feira ele participou da abertura do Fórum Brasil Central de Agronegócio, em Sinop, no Mato Grosso. Mas o registro aqui não é pelo simples fato da sua presença no evento. E sim para destacar que há tempos um ministro nunca esteve tão longe do agronegócio, da base da cadeia. Há pouco mais de seis meses no comando do Mapa, foram raras as vezes em que foi visto em eventos, ações ou promoções do setor que não tenham sido em Brasília ou então em algum município de Minas. Por questões óbvias, ele precisa estar em Brasília. Por questões eleitorais, ele precisa estar em Minas, seu reduto eleitoral. O agronegócio, porém, está muito além de Minas e Brasília.
Comemorar ou se preocupar
O Ministério da Agricultura (Mapa) divulgou um release em tom de comemoração onde destaca os Estados Unidos como um dos maiores compradores de milho do Brasil. A mesma nota, porém, se contradiz em sua motivação ao explicar que esse foi um movimento pontual do comércio internacional, provocado por uma quebra histórica na produção de milho dos norte-americanos. Ou seja, a informação precisa no mínimo ser contextualizada. O release até cumpre esse papel, embora deixe clara a intenção de promover um status, uma relação comercial que não traduz a realidade. A discussão então não deveria se prender ao fato de que no ano passado os Estados Unidos compraram volume recorde de cereal do Brasil. Porque isso não vai se repetir. Mas como buscar outros mercados para a produção recorde do Brasil.
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