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Com a safra 2014/15 entrando na reta final, os números confirmam e impõem uma nova ordem ao agronegócio brasileiro e mundial. De um tempo onde a sustentabilidade será, como nunca, condição à atividade. Nos próximos anos nem todo mundo vai crescer, como ocorreu na última década, em especial com Brasil e Estados Unidos. E aquele que crescer, terá que ajustar esse avanço a taxas mais adequadas, em sintonia com um mundo em desaceleração, quando não em recessão.

O balanço da atual temporada começa a deixar bem clara essa mudança. Depois de uma década de ouro, com produção, preço e mercado, a produção de grãos no Brasil continua crescendo, mas cresce menos. Entre as campanhas de 2009/10 a 2013/14, o campo adicionou 60 milhões de toneladas ao volume produzido no país. Foram, em média, 12 milhões de toneladas ao ano. De 2013/14 para 2014/15, no entanto, a variação será de apenas 7 milhões de toneladas.

Levantamento da Expedição Safra Gazeta do Povo aponta para uma produção total de 202 milhões de toneladas de grãos. O volume é puxado pela soja e pelo milho, que juntos devem render mais de 167 milhões de toneladas, o equivalente a 83% da oferta total de grãos e cereais no ciclo atual. As duas principais culturas brasileiras contribuem com 94,16 milhões e 73,1 milhões de toneladas, respectivamente.

O dado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), tradicional indicador de safra no Brasil, não é diferente. Em mais uma parcial, a sétima desde o início da temporada, o órgão estimou na semana passada uma produção de 200,7 milhões de toneladas. Ocorre que a companhia tem pelo menos mais três levantamentos para novos ajustes que, seguramente, salvo algum revés climático muito acentuado, devem promover novos reajustes, positivos, na temporada.

“Recessão” nos EUATecnicamente, se algum indicador econômico tem uma variação negativa de um ano para outro, o mercado chama esse movimento de recessão. No ambiente do agronegócio não é diferente. Nesse segmento também é possível fazer uma analogia não apenas em relação ao faturamento, ao desempenho e participação da atividade na economia do país, como no tamanho da área destinada à produção. É justamente o que acontece nos Estados Unidos, o maior produtor mundial de soja e milho.

A previsão é que em 2015/16 as principais culturas dos norte-americanos ocupem uma extensão menor em relação ao ano passado. Entre soja, milho, trigo e algodão, o plantio que começou no final de março e se intensifica na segunda quinzena de abril deve ocupar uma área 1,4% menor. A soja é a única cultura com variação positiva ou estabilidade de 1,1%. No conjunto o recuo é puxado pelo algodão com -13,5%, trigo, -2,6% e milho, -1,5%. Estamos falando de um total de 1,37 milhão de hectares a menos, somente nessas três culturas. O potencial para 2015 é de 103 milhões de soja e 345 milhões de milho. Uma safra grande, mas ainda assim menor que em 2014, quando colheram 106 milhões de toneladas de soja e 360 milhões de milho.

Fazer mais com menosA realidade tanto de Brasil como dos Estados Unidos aponta para uma redução do tamanho ou então um crescimento menor, a taxas mais adequadas. Contudo, mais do que isso, a realidade aponta para um novo e desafiador momento do setor. Se a década passada, em especial ao Brasil, foi de produção e mercado, os próximos 10 anos serão de inovação e tecnologia. O país que cresceu em área, produção e mercado precisa agora investir em sustentabilidade.

É hora de fazer mais com menos, ganhar eficiência e competitividade. E não há como fazer isso que não seja investindo. Não somente em tecnologia agronômica, como de mecanização, em agricultura de precisão e soluções integradas. Do manejo à incorporação de sistemas inteligentes e precisos, do plantio à colheita, passando pelos tratos culturais das lavouras e do manejo na pecuária.

O negócio está mais concorrido e as margens mais apertadas. Ou investimos para crescer menos, mas continuar crescendo. Ou entramos em recessão. E a crise, que bate à porta da economia urbana, aquela mais industrial, terá entrado porteira adentro.

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