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Com o avanço da colheita, principalmente no Centro-Oeste e Sul do país, a safra 2013/14 encontra clima favorável para expressar um potencial recorde de uma produção. As parciais de produtividade obtidas no campo confirmam, pelo menos até agora, que a temporada deve bater na casa das 200 milhões de toneladas, volume estimado ainda em setembro de 2013 pela Expedição Safra Gazeta do Povo. Seguido por projeções de consultorias e outros órgãos e institutos públicos e privados de estatísticas agrícolas, o número representa um avanço de 15 milhões de toneladas sobre o ciclo anterior.

Uma marca histórica que mostra o avanço do agronegócio em tom de conquista e superação, quase que uma retórica. Sim! O Brasil e o produtor brasileiro têm condições, área e tecnologia para ampliar substancialmente a oferta de grãos e se posicionar como um dos maiores produtores e, o que é mais importante, exportadores de commodities agrícolas do mundo. Um bom exemplo está na soja. Maior produtor e exportador da oleaginosa, em 2013/14 o país deve embarcar mais de 70 milhões de toneladas do complexo, sendo a maior parte em grão, em torno de 50 milhões de toneladas.

Na semana passada, em seu quarto levantamento, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetou uma safra de 196,7 milhões de toneladas. Vale lembrar que em sua primeira projeção, em outubro, a companhia chegou a estimar, no intervalo inferior, 191,9 milhões de toneladas. Para a soja, o produto com maior liquidez e rentabilidade, na cesta avaliada pela Conab o dado oficial aponta para 90,3 milhões de toneladas, enquanto que a Expedição Safra trabalha com 91,05 e a FCStone, consultoria norte-americana com atuação no Brasil, 90,16 milhões.Ou seja, na reta final, seja qual for a metodologia de pesquisa, os números se aproximam e começam a definir a safra, influenciar preços e alimentar especulações. Deixam de ser projeções e partem para o campo das constatações. Aliás, todas as sondagens daqui para frente são meras constatações. Projeção mesmo só de quem acompanha o ciclo desde a sua implantação, estima área, produção e produtividade quando a safra ainda nem foi plantada.

Com as 200 milhões de toneladas, a produção brasileira rompe uma barreira importante e assume um novo status, em que consolida ainda mais sua posição de grande produtor. Um patamar que começou a ser desenhado com maior intensidade na última década. A considerar o potencial atual, em dez anos a produção terá crescido 74%. Levamos 21 anos para saltar das 50 milhões de toneladas (1980) para 100 milhões de toneladas (2001). E apenas 13 anos para sair das 100 milhões para as 200 milhões de toneladas (2014). Uma variação impressionante, num curto espaço de tempo, que expõe nossa capacidade de produção, mas que também traz uma preocupação. Será essa uma taxa de crescimento sustentável?Importante destacar que, das 100 milhões de toneladas dos últimos 13 anos, 65 milhões foram nos últimos cinco anos, a partir da safra 2009/10. A motivação vem do mercado, do lado da oferta, com a demanda aquecida. Já a preocupação está na longevidade desse ciclo, não no que diz respeito à capacidade de produção, mas com a infraestrutura necessária para dar sustentação a esse crescimento. Estamos falando de portos, estradas, ferrovias e hidrovias. Penso eu que o Brasil do agronegócio terá, sim, que reduzir esse ritmo de crescimento. Não dá mais para aumentar o volume de produção ente 10 e 15 milhões de toneladas por safra. Pelo simples fato de que não teremos mais condições de dar vazão a um adicional dessa magnitude. Pelo menos não por enquanto.

As coisas estão acontecendo. O país está sendo dotado de infraestrutura. As concessões na área de logística de transporte estão ocorrendo, novos portos estão surgindo e outros começam se modernizar. Mas isso não é para hoje. As novas concessões em estradas, como na BR-163, vão mudar a realidade de hoje e trazer mais competitividade. Contudo, resultado mesmo, só para daqui a uma década. Até lá, pé no freio. Porque crescer outras 65 milhões de toneladas em apenas cinco anos pode levar ao colapso.

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