O plantio de 29,49 milhões de hectares de soja, com expansão de 7%, revela que o Brasil está respondendo rapidamente à demanda internacional por alimentos. Houve incremento de cerca de dois pontos porcentuais além do previsto, aponta o Indicador Brasil da Expedição Safra, assunto da capa desta edição. Por trás desses números, o país executa um plano de expansão que vem testando o mercado, conferiram os técnicos e jornalistas do projeto.
Quem compara as projeções de plantio e as cotações desde o início da temporada (setembro) percebe que, se os produtores de soja pensassem apenas nos preços, teriam simplesmente mantido seus planos iniciais. Mas, mesmo com a commodity caindo da casa dos US$ 14 para a dos US$ 13 (e a confirmação da tendência de baixa), houve expansão na reta final da semeadura, uma prova da confiança em vendas vantajosas no primeiro semestre de 2014.
Os dados mostram que a expansão da soja (9 milhões de toneladas) está indo muito além do recuo na produção de milho (1 milhão). Pastagens e áreas de cerrado que já tinham licenciamento ambiental estão sendo amplamente aproveitadas na produção de grãos. Mato Grosso, líder na oleaginosa, teve que elevar o cultivo em 550 mil hectares para sustentar sua participação de 29% na colheita da oleaginosa.
Não é só o preço que puxa o aumento da produção. A abertura de área continua representando em si um negócio viável, por fatores como a valorização imobiliária e as perspectivas de longo prazo. E quem já produz busca também diluir custos em áreas maiores. Margens mais apertadas muitas vezes provocam esse movimento reverso, de crescimento da produção de grande escala.
O que se confirma é uma aposta do país como um todo, para a ampliação da agricultura e das exportações de matéria-prima. A expansão virou regra e não será surpresa se o recuo no plantio de milho de inverno, estimado em 9% em Mato Grosso, for mais suave do que se imagina. Uma questão para ser definida em 2014.