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O Brasil é agronegócio em praticamente toda a extensão de suas rodovias. Saindo das zonas urbanas, as plantações, pastagens e florestas dão o perfil econômico de cada região. Seja na produção de grãos, cana-de-açúcar, carne ou madeira, o campo vem oferecendo suporte ao desenvolvimento do país. Na última semana, no percurso de 6 mil quilômetros pelos dois mais importantes produtores de grãos, Paraná e Mato Grosso, a Expedição Safra Gazeta do Povo conferiu que as regiões agrícolas revelam ainda um projeto nacional: o de expansão do plantio, da colheita, da armazenagem, do transporte e das exportações de alimentos.

Não se trata de um plano baseado no desejo particular dos produtores de soja e milho de ampliar rendimento. Os fatores determinantes são o crescimento da demanda e o potencial produtivo. As lavouras vêm sendo ampliadas ano após ano com o estímulo dos preços internacionais e pelo fato de as terras realmente poderem ser melhor aproveitadas. As pastagens degradadas podem virar lavouras e as lavouras, por sua vez, podem ser mais eficientes.

No Paraná, os produtores de soja e milho aproveitam cada palmo de terra disponível, investem em tecnologia, privilegiam a cultura mais rentável da temporada, a soja, e estruturam a cadeia agroindustrial. Em Mato Grosso, a expansão segue ritmo tão acelerado que a infraestrutura, já sobrecarregada, ultrapassa seus limites.

Ainda que as limitações logísticas apontem para um cenário preocupante, o que prevalece é o ânimo da expansão de negócios, a sensação de que o país está seguindo adiante em sua vocação agroindustrial. O setor sabe que necessita de mais planejamento, pelo próprio grau de profissionalismo que cada elo da cadeia produtiva alcançou. E sabe também o que precisa ser feito para a ampliação do transporte rodoferroviário e do embarque nos portos de Norte a Sul. A dificuldade está em articular suas prioridades com as do poder público.

Porém, pela capacidade que o agronegócio demonstra de se adaptar e ocupar espaço, quem aposta no estrangulamento do sistema – em uma situação sem saída, que possa invalidar um ano de supersafra – pode, mais uma vez, se surpreender. Mato Grosso e Paraná são provas de que a expansão é um caminho sem volta, pelo menos enquanto existir mercado.

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