Os gargalos logísticos que travam o escoamento da produção agrícola brasileira vieram à tona dois atrás quando a safra de grãos chegou a 166 milhões de toneladas. Na época, o país chegou à conclusão de que precisaria acelerar os investimentos em infraestrutura. Na temporada passada, quando a colheita cresceu mais 20 milhões de toneladas, a sobrecarga em armazéns, rodovias, ferrovias e portos, se agravou. Agora, com a possibilidade de a agricultura atingir 200 milhões de toneladas, o assunto exige atenção redobrada.
Ao mesmo tempo em que acompanha o plantio de perto, com duas equipes da Expedição Safra em campo – uma no Centro-Oeste e outra no Sul nesta semana – o Agronegócio Gazeta do Povo promove rodada de debates sobre infraestrutura com cinco palestras no Paraná. Na última semana, a discussão promovida em Ponta Grossa – que abriu a bateria de palestras a ser realizada até dezembro – deixou claro que mesmo regiões sempre consideradas referência em infraestrutura precisam refazer planos e garantir lastro logístico para uma produção ainda maior. Se o Paraná tem possibilidade de chegar a 40 milhões de toneladas nos próximos anos, o país tende a alcançar 250 milhões de toneladas, um volume que vai muito além da capacidade atual de silos, estradas e terminais de embarque portuários.
Os R$ 25 bilhões disponíveis para construção de armazéns até 2018 e as obras em rodovias e portos prometem aliviar os problemas como o represamento da produção no interior e as filas de caminhões e navios. Mas precisam de revisão constante para que sejam proporcionais às necessidades do agronegócio.
Os investimentos vão mudar toda a logística de escoamento, com um volume cada vez maior de grãos direcionado aos portos do Arco Norte do país. Nem por isso a estrutura das regiões Sul e Sudeste deve ser menos utilizada. A estrutura atual das rodovias de estados dessas regiões ficou pequena e vem recebendo menos atenção do que merece. A expectativa em relação aos projetos de ampliação do Porto de Paranaguá, por exemplo, faz mais sentido do que nunca. Se não houver melhoria nesta temporada, a perda de competitividade terá um alto preço para o agronegócio brasileiro. Um custo que setores como o do milho, que começa agora a investir em alternativas de processamento como a produção de etanol – capa desta edição – não pode pagar.
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