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Uma varredura sobre o que ocorre no mercado da soja no Brasil leva à interpretação de que o produtor de grãos assume posição conservadora, diante de uma encruzilhada decisiva. Os preços caem e ele recua, suspendendo as vendas. Raros são os casos de fixação antecipada, apesar da tendência internacional de queda nas cotações. Porém, isso não resume o que a Expedição Safra Gazeta do Povo vem encontrado na estrada. A estratégia que tenta garantir boa rentabilidade à safra de 202 milhões e toneladas, assunto de capa desta edição do caderno Agronegócio, revela confiança na atuação “dentro da porteira”.

Em vez de se dedicar a uma avaliação das tendências da oferta e da demanda, para poder agir com agressividade na comercialização, o agricultor gastou seu tempo armando uma estratégia preventiva. Investiu alto em insumos que protegem a lavoura de doenças e ervas daninhas. Assumiu custos perto de 10% acima dos registrados um ano atrás. Ou seja, tentou cercar pelo menos uma variável, a da produtividade. Se a ferrugem asiática chegar, ele terá como reagir. Se a lagarta Helicoverpa armigera ganhar força, será fortemente combatida. Se plantas resistentes a glifosato se expandirem, será acionado o plano de manejo de emergência. A vantagem é que as áreas com maior produção por hectare devem se manter viáveis mesmo que uma queda nas cotações se confirme.

Quando mede forças com o mercado global, o produtor tende a perder, porque é simplesmente um tomador de preços. Se a produção ficar no armazém mas houver oferta internacional além do consumo, pode ser necessário vender mesmo com margens reduzidas. O argumento no campo é que não foi isso o que aconteceu nos últimos anos. Na colheita, o preço pode, sim, subir. A questão é que agora a situação dos estoques é diferente e o aumento da produção exige um crescimento na demanda além do ritmo atual.

No curto prazo, segurar a soja disponível parece funcionar. As cooperativas do Paraná visitadas pela Expedição na última semana relatam que o preço de balcão vem sendo reajustado para atrair o produtor não posicionado. Resta saber se a cultura da prevenção, que promete uma safra volumosa, vai dar resultado também no médio e longo prazo.

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