O Paraguai conseguiu superar a desvantagem de ser um país sem acesso ao mar e, aproveitando os rios, montou um sistema de exportação de grãos com custos abaixo dos aferidos no Brasil, mostra a edição de hoje de caderno Agronegócio. A reportagem traz informações de autoridades paraguaias e de executivos do setor privado. Bem como as impressões da Expedição Safra Gazeta do Povo, que viajou pelo Leste do país, na segunda viagem desta temporada à meia-lua da soja, e pela região de Assunção.
A informação de que o Brasil pode exportar soja via Paraguai pode soar absurda do lado de cá da fronteira. Porém, quando se percorre o país vizinho, nota-se como isso se tornou perfeitamente possível. A rede de 39 terminais de embarque hidroviário vem sendo reforçada e ampliada para atender a própria produção do país, que dobrou na última década. Pelo ritmo dos investimentos, não será grande problema adicionar 1 milhão ou 2 milhões de toneladas à movimentação de grãos.
Em Assunção, nota-se articulação política do setor privado junto ao governo para habilitação de caminhões do tipo bitrem ao tráfego rodoviário. A previsão é que a Rota 5, que liga Concepción a Pedro Juan Caballero, na divisa com Mato Grosso do Sul, seja a primeira liberada para esse tipo de veículo.
É pouco provável que essa habilitação permita que caminhões duplos – que predominam no transporte de grãos no Brasil – sejam autorizados a chegar à região dos portos de Assunção. Mas a liberação do transporte até Concepción parece ser questão de tempo.
Com a desvalorização do real e a queda no preço do frete no Brasil, o transporte rodoviário ficou barato para os paraguaios. Resta saber se os transportadores do país não vão reagir contra a entrada de concorrentes em território paraguaio.
Já existe experiência de exportação do agronegócio brasileiro via Paraguai. As cargas são de açúcar e seguem por hidrovia até o Uruguai. Exportadas por Mato Grosso do Sul, diferem da soja porque saem do estado com denominação de destino. No caso da soja, os exportadores paraguaios ainda não conseguem repassar essa informação à fiscalização sul-mato-grossense, trâmite que terá de sofrer ajuste.
Da articulação dos transportadores em Assunção aos problemas burocráticos, surgem entraves pontuais. Nada que não possa ser superado por quem fez do limão uma limonada e consegue exportar soja por US$ 50 a tonelada.
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