O agronegócio brasileiro segue seu plano de ampliação contínua na produção de milho, principalmente no Centro-Oeste, apesar de o cereal não contar com mesma liquidez da soja, mostra a edição de hoje do caderno Agronegócio. Depois de um ano de exportações recordes, que aliviaram estoques e garantiram preços remuneradores no mercado interno, os milharais devem ser ampliados novamente na safra de inverno. Uma decisão que faz sentido ante a perspectiva de participação cada vez maior no mercado internacional, mas que, ainda assim, envolve alto grau de risco.
Não será surpresa se no segundo semestre os preços do milho ficarem abaixo dos custos no Brasil. Isso porque, além do aumento na produção nacional, os Estados Unidos ainda têm condições de colher bem, conforme apuramos em outra reportagem desta edição. Ainda em 2013, os estoques globais podem registrar recuperação significativa e, no ritmo atual de expansão das lavouras, o mercado vai entender que haverá milho de sobra no próximo ano.
Nesta toada, faz mais sentido do que nunca a preocupação do setor em abrir novos caminhos para o milho brasileiro. A competição entre as regiões Centro-Oeste e Sul do Brasil, que ocorre sempre que a produção vai além da demanda, faz com que os preços caiam rapidamente e eleva o risco de prejuízo para a base da cadeia. E o socorro do poder público, dentro da política de garantia de preços mínimos, acaba representando um gasto de milhões.
No Centro-Oeste, o aumento da produção é considerado inevitável. Com a expansão das lavouras para produção de soja no verão, crescem as áreas onde o cereal é visto como a melhor alternativa subsequente. O casamento soja precoce X milho safrinha vem garantindo o crescimento da safra nacional de grãos, que deve atingir 185 milhões de toneladas, segundo a Expedição Safra Gazeta do Povo .
A mobilização da cadeia do milho para a agregação de valor ao grão e a consolidação das exportações representam o caminho mais sensato para viabilizar o aumento da produção. Trata-se de um plano de longo prazo, que se concretizará de forma menos traumática se não houver solavancos nos preços internos.
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