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Opinião

Editorial Perto dos recordes

A Argentina está cada vez mais perto de concretizar seu plano de produzir 55 milhões de toneladas de soja ao ano, mostra a reportagem de capa desta edição do caderno Agronegócio. Em viagem pelo país na última semana, técnicos e jornalistas apuraram que, mesmo com alagamento no plantio e seca no desenvolvimento das plantas, a safra deve render perto de 50 milhões de toneladas num ano em que as lavouras foram ampliadas em 10% ou 1,8 milhões de hectares. Houve replantio próximo de 5% no pampa úmido, o que ajuda a elevar a produtividade média, que fica acima de 3,5 mil quilos por hectare na primeira safra.

Esses números comprovam que a oferta sul-americana cresce a passos largos, com ajuda também do Brasil e do Paraguai. E desenham um mercado global cada vez mais dependente da região. As cotações internacionais de US$ 500 por tonelada indicam que há demanda para essa produção, pelo menos nos próximos anos, dando corda aos planos de expansão do cultivo.

Os fatores climáticos influenciam a produção, com oscilações que exigem a formação de estoques maiores que os atuais. A quebra registrada na América do Sul e nos Estados Unidos na temporada 2011/12 fica para trás, mas mostra que o equilíbrio está num ponto de oferta acima da verificada atualmente.

A tendência, no entanto, é que a ampliação da produção argentina reduza as margens médias do setor produtivo no país. As lavouras estão crescendo em regiões que apresentam condições menos favoráveis à soja que a zona núcleo. No Chaco, a produtividade é pelo menos um terço menor e só se torna viável quando os produtores conseguem manter custos reduzidos. As áreas mais viáveis se esgotaram na última década, com ampliação das lavouras de 16,3 milhões para 22,8 milhões de hectares de soja e milho. Considerando apenas a oleaginosa, o avanço foi de 14 milhões para 19 milhões de hectares.

A meta de 55 milhões de toneladas de soja deverá ser atingida nos próximos anos mesmo quando houver quebra climática como a desta temporada. As variações climáticas, que marcaram a última década no país, continuarão acontecendo, mas com efeito limitado, pela expansão do plantio e pelas novas tecnologias. Quando há mercado, há resposta no campo.

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