O crescimento da safra de grãos traz à tona o problema da infraestrutura deficitária e mostra que os gargalos logísticos devem ser discutidos enquanto assunto de interesse regional, envolvendo o Brasil e os países vizinhos líderes na exportação de grãos, mostra a edição desta terça-feira do caderno Agronegócio. A demora para o carregamento dos grãos em Santos e Paranaguá põe e xeque a capacidade da América do Sul de abastecer prontamente o mercado internacional numa época de estoques globais reduzidos.
A elevação dos custos provoca reação em cadeia e atinge até mesmo o Paraguai, que não tem acesso ao mar e depende da estrutura portuária do Brasil e da Argentina, confere a Expedição Safra Gazeta do Povo, em viagem de aproximadamente 6 mil quilômetros às regiões agrícolas dos dois países vizinhos desde a última sexta-feira. Os produtores brasiguaios confirmam a maior safra já registrada e, ao mesmo tempo em que comemoram os resultados das lavouras – um ano depois de enfrentarem uma seca devastadora –, lamentam a receita limitada na venda dos grãos aos exportadores.
O Fórum Brasil Agro 2012-2022, realizado pelo Agronegócio Gazeta do Povo na ExpoLondrina – que segue até domingo –, mostrou que o Brasil precisa redimensionar suas estratégias diante da velocidade em que o cultivo está crescendo e do acúmulo de projetos a serem colocados em prática. Agora, com as reclamações do Paraguai, fica evidente que, se a região pretende se firmar como maior exportadora de grãos do planeta, terá de considerar o volume de produção coletivo, sob pena de jamais conseguir escoar de forma organizada e eficiente a safra de soja e milho.
O Brasil praticamente bloqueia a passagem da produção paraguaia por suas estradas e portos ao apresentar custos cada vez maiores de transporte e embarque. Canaliza a colheita do país vizinho para os rios que cortam a Argentina, que neste ano também não garantiram o fluxo esperado.
O Paraguai reivindica ligação ferroviária na fronteira de Presidente Franco (PY) com Foz do Iguaçu (BR) e até Cascavel, além da redução nos custos brasileiros de escoamento, que dependem da duplicação de rodovias e de reforços no Porto de Paranaguá. Esses temas, no entanto, ainda precisam ser regionalmente discutidos e analisados para composição dos investimentos necessários.