O cooperativismo agroindustrial abre caminho ao desenvolvimento do país, mostra a edição de hoje do caderno Agronegócio. Desde o nascimento da primeira cooperativa de crédito, em 1902, em Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul, muita coisa mudou, mas o setor conserva em seus negócios um modelo de produção e distribuição de renda que resulta em contribuição sem igual para a economia.
A cooperativa agropecuária mais antiga do país, a Cotribá, criada em 1911, em Ibirubá (também no RS), é uma boa referência de como o cooperativismo distribui renda. Alcança faturamento de R$ 600 milhões ao ano, mas dois terços de seus 5,5 mil associados continuam atuando como produtores familiares, seja em lavouras de grãos de menos de 100 hectares ou na pecuária leiteira.
A contínua agroindustrialização, no entanto, coloca essas empresas em nova posição. A cooperativa de produção mais antiga do Paraná, a Batavo, criada em 1925 em Carambeí (PR), acaba de passar para o grupo das que faturam mais de R$ 1 bilhão ao ano. E isso não ocorreu pelo aumento da produção dos 500 associados – dois terços com menos de 500 hectares. Mas sim pela retomada dos investimentos industriais.
Inaugurada em setembro de 2011, a processadora de leite Frísia foi a principal responsável pelo incremento de 37% no faturamento da Batavo em 2012, que foi de R$ 1,2 bilhão. E esse não é um caso isolado. Foi justamente com uma processadora de leite que a vizinha Castrolanda, com sede em Castro (PR), ultrapassou a casa de R$ 1 bilhão em 2010.
Castrolanda e Batavo, aliás, agora atuam juntas na comercialização de leite. Suas indústrias, apesar de instaladas numa mesma região, trabalham em parceria, fazendo prevalecer a histórica cooperação entre os agropecuaristas descendentes de holandeses dos Campos Gerais. E além de agregar valor à matéria-prima, essas empresas geram empregos, impostos e estimulam novos investimentos.
Esse é o caminho trilhado também pela gigante Coamo, a maior cooperativa agrícola da América Latina, criada em 1970 em Campo Mourão (PR). Com cerca de 25 mil associados e 3% da produção nacional de grãos e fibras, a cooperativa detém dez indústrias, oito ligadas ao complexo da soja. O faturamento acima de R$ 7 bilhões em 2012 é emblemátic0. O valor ultrapassa em mais de R$ 1 bilhão o orçamento da prefeitura da capital Curitiba de 2013.