Enquanto a soja promete boa rentabilidade para o agronegócio em 2014, culturas como o feijão carioca perdem margem de lucro. A produção do alimento chega a representar prejuízo para o campo, mostra esta edição do Agronegócio.
A reportagem apurou que, ao adiar ou simplesmente cancelar a compra de parte da produção (esfriando a oferta e impedindo redução maior nas cotações), o governo prioriza o controle da inflação dos alimentos. Uma opção que coloca os efeitos de curto prazo na frente da sustentabilidade econômica dos agricultores.
Para a maioria da população, certamente a redução do preço ao consumidor é mais importante do que o equilíbrio nas contas dos produtores rurais. No entanto, isso tende a se reverter em perdas para ambos os lados. Os altos e baixos inibem a produção e, mais à frente, provocam reajustes e tornam produtos essenciais mais caros. A economia de hoje acabará sendo cobrada nas cotações futuras.
O feijão tem um mercado garantido, mesmo com preços altos, o que explica essas elevações sempre que a produção cai. O consumidor se submete aos preços determinados pelas redes de distribuição por seu gosto pelo alimento. Supermercados e restaurantes acabam se voltando a quem pode pagar pelo produto.
Dessa forma, quem está entre a cruz e a espada não é só o governo, mas também o produtor e o próprio consumidor. O ideal é uma situação mais equilibrada, em que a garantia de preços mínimos permita uma produção constante. E que o alimento fique mais barato com os avanços tecnológicos e o controle dos custos de produção.
Não é a primeira vez que essas oscilações acontecem. Pelo contrário. Mas o que está em risco agora são também projetos e investimentos que contavam com uma política comprometida com a sustentabilidade. Unidades de beneficiamento como a da cooperativa Castrolanda continuarão sendo exceção enquanto as situações de crise forem apenas remediadas. É preciso ponderar controle de inflação e viabilidade da agricultura para que, no futuro, o feijão de cada dia seja uma opção segura e menos pesada para o bolso do consumidor.
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