Os problemas enfrentados no escoamento da safra de soja e milho devem crescer tanto quanto o cultivo no próximo ano, conforme o setor. Isso porque não houve abertura de nenhuma nova rota importante e porque os portos vão continuar sobrecarregados. O que existe de novo são anúncios de investimentos, projetos, cronogramas. As obras, mesmo em novo ritmo, ainda seguem lentas demais, pelo menos para atender à expansão do agronegócio.
A edição de hoje do caderno Agronegócio mostra que começam a se acumular preocupações em relação à safra 2013/14. Além da previsão de neutralidade climática – com o fantasma da seca assombrando novamente as regiões produtoras –, os custos do escoamento vão tirar mais uma vez competitividade do Brasil diante de Estados Unidos e Argentina, principais concorrentes.
Hoje o país reduz custos de maneira errada. Usa caminhões velhos – a idade média da frota é de 18 anos –, mantém caminhoneiros no volante por mais de 10 horas diárias e depende de estradas esburacadas. As ferrovias são insuficientes e as hidrovias praticamente não existem. Com uma frota mais nova e dois caminhoneiros por veículo, neste momento, o frete custaria ainda mais caro.
A competitividade vai aumentar com maior uso de ferrovias, com melhoria das condições de tráfego nas rodovias e com ampliação dos portos. E isso requer grandes investimentos. Essa conta deverá ser paga no longo prazo, a investidores públicos e privados, e não às borracharias e às oficinas mecânicas.
Não há dúvida de que os investimentos em infraestrutura são necessários para que o Brasil não perca a oportunidade de ampliar a produção de grãos. O país precisa se tornar rapidamente mais competitivo para aumentar o cultivo e ganhar mercado, numa era de crescimento no consumo.
Pela importância do Brasil no abastecimento do mercado de soja e milho, existe monitoramento internacional sobre o que ocorre com os projetos que prometem uma nova logística. Qualquer problema no escoamento, portanto, será facilmente precificado com prêmios negativos aos portos e consequente redução nas cotações pelo interior, ou seja, não haverá perdão.