A implantação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), anunciada na última semana, promete ser um divisor de águas na relação da agropecuária com a legislação florestal. Previsto para o final de 2012, o sistema passou por uma série de ajustes e, a partir de agora, vai produzir o retrato mais abrangente que o país já teve de suas áreas cultivadas e das reservas florestais. E isso abre uma série de oportunidades. As mudanças já começam a ser notadas, mostra a edição de hoje do caderno Agronegócio.
O antigo Código Florestal, jamais implantado em sua totalidade, será substituído pela legislação de 2012 a partir do cadastro e da regularização dos imóveis rurais. Com regras consideradas mais viáveis pelo agronegócio, esses programas devem ter adesão maior do que os lançados nas últimas décadas, baseados em fiscalização, notificações e multas.
Os produtores que cadastrarem seus imóveis e tiverem reservas de mata nativa maiores que as exigidas terão mais facilidade para negociar essas florestas. Os excedentes podem ser usados para compensar déficits de outras áreas. Na venda dos imóveis, podem aferir preço à parcela verde. A própria mudança na forma como essas áreas verdes passam a ser vistas faz a diferença. De uma pedra no sapato, que dificultava as negociações, as matas tendem a ser vistas, a partir do CAR, como um ativo mensurável e, em situações regulares, como um fator que agrega valor ao imóvel rural.
Isso sem contar a importância que a preservação da vegetação e das águas tem para a produção de alimentos. O produtor rural está na linha de frente na relação do homem com a natureza e sente como ninguém os impactos da devastação. Será testemunha também do esperado avanço no tratamento das questões ambientais. Uma época que promete mais coerência e consciência, colocando o setor rural muito à frente do urbano.
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