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Opinião

Mais comunicação em 2014

O desempenho do agronegócio brasileiro foi excelente em 2013, apesar das pedras que apareceram no percurso. Foi um daqueles anos em que as previsões pessimistas sobre a produção e as exportações praticamente caíram no esquecimento. As apostas otimistas mostraram estar bem mais próximas da realidade. Entretanto, ficou evidente um caso de difícil solução. Problemas crônicos como infraestrutura sobrecarregada, logística travada e custos elevados expõem o que o setor chama de “falha de comunicação”. O agronegócio ainda não consegue mostrar claramente suas prioridades ou estabelecer uma agenda, para ir queimando etapas.

O clima não ajudou a todos, é verdade. Houve seca em janeiro, que dizimou lavouras de soja e milho em estados como Bahia e Piauí; geada negra em julho, queimando um terço do trigo 2013 e dois terços do café 2014 no Paraná, e uma série de outras questões graves para milhares de produtores. A lagarta Helicoverpa armigera, por exemplo, volta a aterrorizar as lavouras de verão e exige gasto dobrado em inseticidas.

Mesmo assim, a safra 2012/13 (encerrada no meio do ano) e a que está em andamento, com cerca de 50 milhões de hectares, representam “recorde sobre recorde”. O país espera passar de 187 milhões (2013/13) para 200 milhões de toneladas (2013/14) com ajuda do clima. Um compasso animador, que, por um lado, antecipa projeções de médio e longo prazo e, por outro, impõe novos limitas à estrutura logística.

A julgar pelas exportações, as cadeias dos grãos, das carnes e a sucroalcooleira estão motivadas a continuar elevando a produção – e testando a infraestrutura do país. Setores que se apoiaram no mercado interno, como a própria cadeia do frango, também ganharam sustentação para seguir em crescimento. Segmentos como o do feijão de cor, que teve preço reduzido praticamente pela metade e pedem apoio à comercialização, são exceções.

Avanço na produção e boa resposta do mercado, no entanto, não desfazem o clima de insatisfação que toma conta dos debates do agronegócio. As análises envolvendo política e economia revelam a frustração que se espalha do campo à indústria exportadora. Para um país com tamanho potencial, em que a produção segue a passos largos, o avanço de 4% no Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário, que chega a R$ 1 trilhão, é pouco.

O país poderia fazer muito mais. Se investisse com seriedade em infraestrutura levando em conta seu potencial... Se o poder público fosse mais ágil na avaliação das demandas da agropecuária... Se avançasse em acordos bilaterais para abertura ou ampliação de mercado... Se conhecesse melhor a si mesmo.

Esse é o ponto chave que permeia as discussões e causa verdadeira angústia. O agronegócio se dá conta que não consegue se fazer entender de maneira clara. Para muitos, investir em apoio à produção ainda significa simplesmente beneficiar um setor da economia, ou seja, atender a agricultores e pecuaristas que jamais estarão satisfeitos.

Em 2014, o desafio que fará a diferença para o futuro do agronegócio não será simplesmente demonstrar mais uma vez capacidade de superação. A agropecuária e agroindústria terão de se fazer entender, melhorar sua comunicação com o governo e com a sociedade. E quem sabe recebam tratamento mais técnico do que político, mais compreensivo do que afável.

Concurso em xeque

Haverá tempo para a realização de concurso público para Adapar e Emater antes das eleições? A resposta, aguardada desde outubro, deve sair nos próximos dias. Ainda sem data para selecionar 400 técnicos para Emater e 200 para Adapar, o governo do Paraná confirma contratação de 50 servidores administrativos. Eles fizeram concurso público em 2009 e vão atuar na Agência de Defesa Agropecuária. Tomaram posso na última semana e começam a trabalhar na Adapar em janeiro. Embora a defasagem de técnicos seja determinante, funcionários administrativos devem reforçar serviços em 15 municípios, incluindo Curitiba. A contratação de técnicos – incluindo veterinários e agrônomos – continua prevista para 2014.

Estação da ferrugem

A ferrugem asiática atinge 74 lavouras de soja, metade delas em Goiás, conforme as ocorrências contabilizadas até ontem pelo sistema de alerta do Consórcio Antiferrugem, encabeçado pela Embrapa Soja. Outros quatro estados também enfrentam a doença: São Paulo (18 casos), Mato Grosso (12 casos), Paraná (7 casos) e Minas Gerais (1 caso). Nesta mesma época do ano passado, eram 39 casos e acabaram sendo somadas 490 ocorrências. Só uma parte dos registros entram nas estatísticas. A base de dados vem sendo usada para orientar os produtores sobre o momento inicial das aplicações preventivas. No Paraná, a região dos Campos Gerais está tendo de redobrar a atenção, e a aplicação de fungicidas.

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