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O agronegócio vive um cenário de preços bem melhores em real do que em dólar. Um exemplo típico dessa contradição é o setor dos produtos florestais, assunto da capa do caderno Agronegócio desta terça-feira (24). As exportações crescem em volume (21,3%, na comparação de julho de 2015 com julho de 2014), mas devido à queda no preço médio de papel, celulose e madeiras (-9,7%), não rendem tanto quanto se esperava (só 9,6% mais dólares que em julho do ano passado). Ou seja, metade da expansão em volume foi corroída.

Esse quadro aponta para um saldo de duplo sentido na balança comercial de 2015. De um lado, avaliações baseadas em dólar vão apontar para uma crise. De outro, balanços em real considerarão que a renda não caiu tanto. O setor dos produtos florestais não é exceção. A queda na receita das vendas externas acontece também no complexo da soja e nas carnes.

Não se trata de estabelecer que perspectiva está correta ou errada, mas neste momento salta aos olhos o imenso esforço que cada setor precisa fazer para não entrar em crise. Se no setor florestal está sendo necessário exportar 21,3% a mais para receber 9,6% mais dólares, no complexo soja nem um incremento de 37,7% no volume embarcado (jul 14/ jul 15) foi suficiente para expandir a renda: a receita dos embarques, em dólar, subiu apenas 0,2% no mês passado, na comparação com igual período do ano anterior. Isso porque o preço médio caiu 27,5%. Nas carnes, houve 9,1% mais embarques, mas com queda de 19,1% na receita média por tonelada, a renda acabou caindo 11,8%.

Ocorre que a valorização do dólar ante o real passou da casa de 50%. Isso significa que as quedas nas cotações em dólar (de 27,5% no complexo soja, de 19,1% nas carnes e de 9,7% nos produtos florestais) são compensadas com folga. Bastaria exportar o mesmo volume para que a receita em real fosse até maior.

No entanto, o agro não é uma ilha, apesar de o setor ser considerado uma imensa indústria em expansão, cada vez mais decisiva para a segurança alimentar do planeta e o próprio combate à fome. Os insumos importados têm preço cotado em dólar, ou seja, também sobem em real quando a moeda norte-americana se valoriza. O enfraquecimento do consumo e da indústria brasileira mais cedo ou mais tarde tem impacto nos mais diversos elos da agropecuária e da cadeia dos produtos florestais.

Por enquanto, o que prevalece é a avaliação de que menos dólares são mais reais no agronegócio. Na avaliação dos resultados das exportações de janeiro a julho, o setor ampliou sua participação na receita total dos embarques do país, de 44% para 46,4%. Considerando ano fechado (ago 14 a jul 15, na comparação com ago 13 a jul 14), a expansão foi de 41,5% para 44,2%, embora em dólar tanto a receita nacional quanto a setorial tenha sido menor – em dólar.

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