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O Brasil sempre se empolgou com a possibilidade de ser o “celeiro do mundo”. A reportagem de capa do Agronegócio desta terça-feira mostra, no entanto, que isso pode nunca acontecer. Isso porque celeiro é um lugar onde se deposita alimentos normalmente in natura.A soja e o milho embarcados para outros continentes, em volume crescente, ficam poucas semanas, ou mesmo dias, nos depósitos do país. E as pretensões brasileiras vão muito além disso: a intenção é avançar fortemente também no embarque de alimentos industrializados, de carnes. A modernização da agricultura derruba de vez a visão simplista da produção e distribuição de alimentos.

Mesmo hoje –numa época em que se constata que há muito a fazer – a atividade rural tem perfil tecnológico espantoso para qualquer pessoa cuja referência de agricultura seja o sistema antigo de produção, em que a safra consistia basicamente no plantio, no controle de plantas daninhas e na colheita. Tecnologias embutidas nas sementes ou que permitem o controle de equipamentos por GPS estão em todas as regiões, em pequenas e grandes propriedades.

E a missão que o mundo propõe ao Brasil também exige mais do que produzir e armazenar. As Nações Unidas consideram que, em 2050, a população do mundo será de 9,7 milhões de habitantes. Esse número considera adição de 180 mil pessoas por dia no mercado consumidor– 1,5 milhão por semana ou até 70 milhões por ano (um Brasil a cada três anos). E vem associado a uma concentração cada vez maior de pessoas na zona urbana, índice que deve passar de 55% para 65% nas próximas décadas.

Uma proporção menor de pessoas estará envolvida na produção de comida para um número maior de consumidores. O Brasil prepara-se para assumir ajudar a garantir segurança alimentar à população mundial com uma agricultura mais automatizada, com uso de tecnologias de produção mais sustentáveis, com mais planejamento. Começam a se formar respostas para questões centrais. Continuaremos a fornecer ao exterior basicamente matéria-prima ou o agronegócio, incluindo a indústria de alimentos e o segmento de logística, vai aproveitar as oportunidades que se abrem no mercado global? O desafio maior pode estar em articular os mais diversos elos do setor.

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