Os transtornos que o agronegócio enfrenta para ampliar a produção de grãos ganham espaço na edição de hoje do caderno Agronegócio. Além dos problemas práticos que começam a aparecer em todos os cantos, há uma imensa perda financeira para o setor e o país como um todo. Técnicos e empresários entrevistados pela Expedição Safra relatam que é fácil identificar quem paga a conta dos problemas logísticos: o produtor. E, para a coletividade, a consequência é o atraso no desenvolvimento da economia.

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O mercado não faz cerimônia e transfere o ônus ao produtor. Desconta automaticamente do preço pago pela soja e pelo milho no interior o custo do frete, que segue em alta, as multas pela demora na atracação e carregamento dos navios, as despesas geradas pela lentidão no fluxo de cargas. Um trem carregado de grãos leva três dias para chegar aos portos no Sul do país, mesmo quando embarcadas em municípios a apenas 500 ou 700 quilômetros dos canais marítimos de exportação, como Londrina (PR) e Cruz Alta (RS).

Os investimentos em armazenagem são evidentes e centenas de empresas apostam no crescimento da produção e da exportação pelo Brasil afora, com empreendimentos que desafiam a infraestrutura disponível. E essa expansão parece capaz de forçar o crescimento de setores associados.

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“A soja é a moeda do produtor. Só se converte em dinheiro quando chega ao navio, o que precisa ocorrer com eficiência. As operações internas que precedem a exportação são, essencialmente, operações de risco”, resume com clareza Jorge Yoshii, executivo da Seara entrevistado em Sertanópolis.

A empresa de logística industrializa e comercializa produtos do agronegócio e, desconhecida de muitos mesmo no setor, se tornou a quarta maior companhia ligada à produção rural no Paraná, atrás apenas das cooperativas Coamo, C.Vale e Cocamar. Uma das parceiras da Expedição Safra, ajuda o projeto a desvendar os desafios e tendências da safra.

Não será possível resolver os problemas logísticos e de infraestrutura nesta temporada. Os investimentos emergenciais tendem a simplesmente aliviar gargalos antigos. O ânimo e as apostas de médio e longo prazo da iniciativa privada, no entanto, acabam funcionando como um protocolo de intenções, uma promessa de desenvolvimento e maior rentabilidade.