O Brasil vem assumindo a dianteira na produção e no comércio internacional de soja, mas ainda tem muito a aprender com seus concorrentes. A edição de hoje do Agronegócio mostra que, ao lado da Argentina e do Paraguai, o país avança a passos largos na produção e na participação nas exportações. Porém, o que esses números não mostram são as desvantagens logísticas, que encarecem o custo de produção e comprometem a renda do setor.
A comparação que anima o país refere-se essencialmente ao que ocorre dentro das porteiras. A expansão do plantio de soja foi de 1,5 milhão de hectares nos Estados Unidos (5%) e de 4,8 milhões de hectares no Brasil (22%) na década entre 2003/04 e 2012/13. Por isso é que, em dez anos, a exportação norte-americana de soja aumentou 11,7 milhões de toneladas, enquanto a brasileira cresceu 20,6 milhões, quase o dobro.
Os problemas relacionados à infraestrutura cresceram na mesma proporção que as lavouras no Brasil. A sobrecarga nas estradas aumentou continuamente e, apenas agora, o setor público e o privado promovem uma onda de investimentos em rodovias, ferrovias, armazenagem e portos.
E não é preciso comparar o Brasil com um país desenvolvido para se constatar a gravidade dos gargalos logísticos. Na Argentina, dois terços da produção chegam aos portos de trem, o que alivia o tráfego de caminhões e barateia os custos. E, mesmo com os navios aguardando de uma a duas semanas para carregamento (menos da metade do prazo registrado no Brasil), o país vizinho abre debate sobre ampliação dos acessos à estrutura portuária.
Numa época de farta demanda internacional, os preços elevados permitem que o Brasil expanda o cultivo e pague a conta de seus problemas crônicos. No entanto, para sustentar suas posições, terá de avançar em competitividade, para enfrentar com eficiência épocas menos favoráveis.