A relação do agronegócio brasileiro com o mercado internacional busca reacomodação em diversas frentes, do feijão ao milho e à soja, mostra a edição de hoje do caderno Agronegócio. Enquanto tomador de preço, o setor produtivo se adapta a um quadro de oscilação nas apostas de outros centros de oferta, bem como às novas condições econômicas e financeiras internas.
No caso do feijão, novidade é o fato de a Argentina estar se posicionando como fornecedor do alimento. O país vizinho compete com o Brasil no milho e na soja, mas no trigo e no ingrediente principal da feijoada nos enxerga como mercado. A produção de feijão preto de los hermanos é claramente direcionada ao consumidor brasileiro.
No mercado da soja e do milho, o setor produtivo brasileiro monitora o mercado dos insumos numa tentativa de prevenir situação de aperto na relação entre custos e cotações. Os relatórios previstos para esta semana por parte da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) vão atualizar as informações sobre a oferta e a demanda internacional e as perspectivas do ponto de vista brasileiro, que apontam para mais uma safra de aumento no plantio da oleaginosa.
Julho é mês de reacomodação também no crédito rural, com setores como o de máquinas agrícolas sentindo os primeiros impactos do novo Plano Agrícola e Pecuário (PAP). Apesar da alta no orçamento do PAP, confirmada mês passado, a elevação do juro padrão e a redução do volume de crédito a juro controlado tornam mais difícil o desafio de manter vendas aquecidas.
Apesar de tudo, essa própria reacomodação é um sintoma de que não resta outra saída a não ser continuar produzindo, nas condições possíveis. Depois de passar de 200 milhões de toneladas de grãos em 2014/15, o Brasil se aproxima de 100 milhões de toneladas só na soja em 2015/16, marcas emblemáticas que demonstram fôlego ainda sem limites no setor.
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