O envolvimento do agronegócio com a política eleitoral faz todo o sentido num ano em que a produção tende a ser boa mas a renda mostra-se mais apertada. Esses fatores — bom desempenho, renda em risco e apoio duvidoso — deixam o setor inquieto não é de hoje.
A edição desta terça-feira do caderno Agronegócio mostra por que a tendência é de queda na arrecadação e acompanha a articulação do setor produtivo diante dos candidatos a governador do Paraná. Em época de aperto nas contas, os problemas ficam mais evidentes e reforçam as reivindicações.
Se tomados de forma isolada, os dados que mostram tendência de aumento na produção fazem parecer que o agronegócio está em franca expansão e ampliando continuamente sua renda. Mas não é verdade. A margem de lucro caiu nos Estados Unidos e tende a recuar também no Brasil. Não se trata apenas do lucro por hectare, mas do lucro geral. Ou seja, mesmo quem aumenta o plantio corre o risco de registrar receita líquida inferior à de 2013/14.
A expectativa é de resultados positivos, mas isso vai depender dos preços internacionais dos próximos meses. Os Estados Unidos confirmam safra gigante. Porém, a safra de soja e milho de verão da América do Sul começa oficialmente só em meados deste mês.
O setor merece apoio não só por concentrar uma parcela substancial de eleitores. A agropecuária contribui com 23% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Além disso, 40% das exportações nacionais são do agronegócio, que sustenta a balança comercial positiva há mais de uma década. No Paraná — maior produtor nacional de aves, trigo e feijão e segundo maior de soja, milho e mandioca — a participação no PIB é de 34%.
O apoio público é essencial para que o setor continue sendo rentável e lucrativo. Além de programas que possam ser acionados em momentos de crise, há razões de sobra para ações coordenadas de médio e longo prazo, que mantenham a produção de alimentos como peça estratégica do desenvolvimento do país.
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