A produção brasileira de grãos cresce sem um sistema de seguro que garanta estabilidade de renda. O programa de seguro evolui lentamente e o apoio público é direcionado a pequenos e médios produtores, mostra a edição de hoje do caderno Agronegócio. Ainda fica faltando a oferta de contratos competitivos, que representem segurança real para médios e grandes produtores de soja e milho.
A produção de grãos do Brasil faz da América do Sul a região que mais exporta tanto soja como milho em todo o planeta, mostra outra reportagem desta edição. Porém, em relação ao seguro, ainda há grande diferença entre o sistema dos Estados Unidos, maior produtor isolado, e o brasileiro. A temporada passada foi uma demonstração desse verdadeiro abismo.
Os produtores norte-americanos perderam mais de 100 milhões de toneladas de grãos, mas nem por isso foram à falência. O sistema de seguro, que abrange empresas privadas e governo, garantiu estabilidade para que, nesta safra, a produção siga normalmente. Foi a maior quebra em 50 anos e, uma temporada depois, parece ter ficado no passado.
No Brasil, a situação é bem diferente. O que os produtores do Centro-Norte têm conseguido é apenas a prorrogação de dívidas, enquanto outras regiões comemoram bons rendimentos. Quem tinha seguro recuperou o suficiente apenas para cobrir custos. Muitos estão tirando dinheiro do bolso para pagar contas de adubo, semente, serviço de máquinas em plena safra recorde (na vizinhança).
Para muitos, isso pode parecer normal. Afinal, todo setor da economia assume riscos. A diferença básica, que pesa nos Estados Unidos e na União Europeia, é que os riscos são divididos. A estabilidade do setor rural, decisivo para a economia, passa a interessar ao governo e à sociedade, que estrutura mecanismos capazes de evitar solavancos.
O governo do Paraná está pulverizando recursos que não vinham sendo usados pelos produtores de grãos para ajudar outros setores. No entanto, esses recursos sobram muito em função de os contratos não representarem garantias reais. Os pequenos e médios produtores merecem todo o apoio dispensado. Mas a realocação de recursos, em si, mantém em aberto a estruturação do sistema nacional de seguros.
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