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Os produtores de grãos brasileiros mostram postura comedida diante do mercado e em respeito a sua própria expectativa de produção, conforme a capa desta edição do Agronegócio. Uma posição que adiou as vendas e mantém as previsões locais de safra suspensas, num misto de temor e otimismo.

O quadro tem explicações na safra passada. Um ano atrás, metade da produção já tinha sido vendida. Porém, em estados como Piauí e Bahia, houve fazendas que nem puderam colher e não conseguiram cumprir contratos. Tiveram de adiar financiamentos e, infelizmente, as contas consumirão lucros de até quatro safras normais.

Olhando para esses casos, o produtor capitalizado prefere vender a produção aos poucos. Primeiro, aproveita preços remuneradores para cobrir custos. Depois, tenta identificar e aproveitar as melhores cotações possíveis. Afinal, se houver quebras localizadas na América do Sul, os preços podem subir e elevar a renda por saca.

Além disso, em época de neutralidade climática, com chuvas pouco abaixo do normal e irregulares, o resultado final da lavoura é variável. Poucos se arriscam a confirmar produtividades acima da média, embora haja clareza no setor de que os casos de quebra climática referem-se a uma parcela pequena das lavouras.

Dando um passo de cada vez (primeiro a colheita, depois as vendas), os produtores vêm amarrando o resultado em volume e receita em patamares remuneradores. A influência dessa estratégia nos preços, segundo os analistas, é menor que a exercida pela demanda chinesa. Ou seja, o produtor não determina as cotações médias, embora tenha a sensação de estar agindo com mais segurança.

As próximas semanas serão decisivas tanto no campo quanto no mercado. O produtor pode ter de sair de sua zona de conforto para aproveitar os melhores preços. Terá de avaliar se haverá mesmo ou não quebras. Se vale ou não a pena esperar por novas altas, considerando seu prazo limite para transformar a produção em dinheiro. A safra será melhor para quem estiver mais bem informado.

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