O Brasil tem condições concretas de atingir pela primeira vez colheita de mais de 100 milhões de toneladas de soja, mostra a edição desta terça-feira do caderno Agronegócio. Ainda assim, não deve ser dessa vez que o país assume a liderança na produção. Os Estados Unidos iniciam neste mês colheita avaliada em 107 milhões de toneladas, a segunda maior do país. No entanto, a safra 2015/16 será histórica por outro índice, o do volume das exportações. Pela primeira vez que o Brasil abre larga vantagem sobre o maior produtor mundial no embarque da oleaginosa.
A estimativa do próprio Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) é que o Brasil vai ampliar as vendas externas de 50 milhões (2014/15) para 54,5 milhões de toneladas (2015/16). As exportações norte-americanas estão em recuo, de 49,9 milhões para 46,9 milhões de toneladas. A diferença passa a ser de mais de 7 milhões de toneladas, depois de anos de medição de forças e revezamento na liderança. A vendas externas da Argentina, por sua vez, tendem a crescer de 9,6 milhões para 9,8 milhões de toneladas.
O quadro mostra que a crise nacional e as oscilações do câmbio põem a soja brasileira em novo patamar no mercado global. Por bem ou por mal, o produto tupiniquim fica mais competitivo e atraente aos olhos do principal importador, que é a China. O mercado asiático deve recorrer ainda mais aos fornecedores brasileiros para garantir abastecimento mais barato.
Embora a economia chinesa inspire cuidados, não há sinal de recuo no volume das compras de soja de Pequim. Apenas de crescimento menor. Se de 2014 para 2015 as importações passam de 70 milhões para 77 milhões de toneladas, em 2016 podem totalizar 79 milhões de t, conforme projeção do USDA tomada como base pelo mercado.
Enquanto o mercado internacional amarga recuo na receita bruta, com a soja a menos de US$ 10 por bushel, o produtor brasileiro afere alta de mais de 25% em um ano. Trata-se do melhor lado da crise, pelo menos até agora.
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