Neste primeiro dia do ano, sempre queremos que as coisas negativas do ano anterior passem e que as coisas boas prosperem. Temos muito a comemorar. O Brasil saiu da recessão e a economia voltou a crescer, mesmo com um aumento modesto do PIB em 2017 (em torno de 1%). Em 2018, esse crescimento pode chegar a 3%.
O otimismo é reforçado pelo compromisso do governo com a implementação de importantes reformas estruturais que visam a garantir o equilíbrio fiscal e um ambiente de negócios favorável à atração de investimentos privados na economia.
O otimismo econômico e uma maior dinamização da atividade produtiva foram devidos, em parte, à retomada do crescimento das exportações após cinco anos consecutivos de queda. De janeiro a 3ª semana de dezembro de 2017, as vendas externas do país cresceram 18% em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando US$ 209,5 bilhões. Os produtos do agronegócio, responsáveis por 45% das vendas externas do país, contribuíram para esse bom desempenho.
No período de janeiro a novembro de 2017, o Brasil ampliou suas vendas externas de soja em 24%, de carnes em 9%, de açúcar em 13% e de milho em 12%, em comparação com o ano anterior. O resultado das exportações poderia ter sido ainda melhor se alguns dos principais mercados não restringissem suas importações de carnes brasileiras por preocupações sanitárias.
O ano de 2018 será marcado pelo desafio de reabrir os mercados para os produtos agropecuários brasileiros para melhorar o desempenho exportador do país. Afinal, a ampliação das exportações é essencial para a consolidação do crescimento da economia brasileira. Conforme disse uma vez o ex-ministro da Previdência do governo Fernando Henrique Cardoso, Roberto Brant, “as melhores oportunidades de crescimento de qualidade para o Brasil nos próximos anos estão na expansão da produção agropecuária para exportação”.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a safra de grãos 2017/18 chegue a 226,5 milhões de toneladas. Mesmo sendo 4,7% menor em relação à safra anterior, que foi recorde, é um número muito bom. Essa boa safra permitirá expandir a produção agropecuária e agroindustrial e ampliar as exportações.
Lá fora
O que nos espera em 2018? Apesar da instabilidade política, as perspectivas econômicas para os nossos principais mercados são otimistas. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que a economia mundial repita neste ano o bom desempenho de 2017, com um crescimento da ordem de 3,6%.
A economia da União Europeia está indo bem, apesar das duras negociações em torno do Brexit (saída do Reino Unido), que deve ser o foco das atenções no ano que vem. Os Estados Unidos, os países da área do euro, o Japão, o Canadá, a China e a Rússia, todos cresceram em 2017 em ritmo mais acelerado que no ano anterior. Todas essas economias devem continuar crescendo em 2018.
A economia indiana teve um desempenho menos expressivo no ano passado, se comparado com 2016, mas permanece como campeã mundial em taxa de crescimento: 6,7% em 2017 e 7% em 2018 (conforme estimativa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE).
Os economistas não esperam grandes choques econômicos globais em 2018, mas alertam para a estagnação da produtividade do trabalho, o alto nível de endividamento empresarial e de pessoas físicas (nesse último caso, principalmente, na área habitacional) e o baixo nível de crescimento de investimentos privados na economia mundial.
Há outras questões preocupantes que podem prejudicar o crescimento da economia global pós-2018. À medida que se intensificam as tensões políticas, ampliam-se as sanções econômicas dos Estados Unidos e da União Europeia contra a Rússia, Coréia do Norte, Venezuela, Irã e alguns outros países. Apesar de reduzir o comércio, em muitos casos, essas medidas não geram o resultado esperado.
Num cenário de agravamento de pressões migratórias, de uma real possibilidade de conflito nuclear e de crescentes movimentos terroristas e ataques cibernéticos, falta como nunca uma sinergia entre os países. É nesse contexto que os Estados Unidos abrem mão da liderança na esfera multilateral e se isolam cada vez mais, politica e economicamente. Aquele foi o único país a não ratificar o Acordo de Clima de Paris, além de ter tomado a decisão polêmica de declarar Jerusalém como a capital de Israel, ação amplamente condenada pelas Nações Unidas.
Num movimento egocêntrico, os Estados Unidos buscam restringir o livre comércio com seus principais parceiros comerciais e adotar medidas protecionistas para reduzir o grande saldo comercial negativo. Os “parceiros estratégicos” estão sendo substituídos por “rivais estratégicos”, como a nova política externa do Presidente Trump define a China e a Rússia.
Da mesma forma que no Brasil, o ano de 2018 será marcado por eleições presidenciais no México, na Colômbia, na Venezuela, no Egito e na Rússia. Poderá haver troca na liderança política em Cuba com o fim de mandato do Raul Castro em fevereiro de 2018. Ocorrerão eleições parlamentares nos Estados Unidos, com uma possível maioria democrata na composição do congresso, abrindo espaço para um eventual processo de impeachment do Presidente Trump.
Até março de 2018, espera-se a assinatura de um dos mais emblemáticos acordos regionais de livre comércio, o TPP (Acordo de Parceria Transpacífico), abrangendo 11 países, 13,5% do PIB e 15,2% do comércio mundiais. Como o acordo abre muito espaço para o comércio de produtos agropecuários e o nosso maior concorrente, os EUA, desistiu de participar, o Brasil deveria considerar seriamente a sua adesão ao TPP.
Oportunidades
A vida econômica neste ano também será agitada pelos grandes eventos esportivos: a Olimpíada de Inverno na Coréia do Sul e a Copa do Mundo de Futebol na Rússia. Haverá espaço para explorar o legado brasileiro nesses eventos.
Falando em oportunidades para adicionar valor à produção brasileira, e em nichos de mercado, vale mencionar duas grandes tendências apontadas pelos especialistas: a primeira é o aproveitamento de resíduos para novos usos e a segunda são os produtos customizados para a população idosa. A Internet das Coisas também vai gerar cada vez mais transformações e oportunidades.
O ano de 2018 tem um prognostico positivo. Tudo para o Brasil crescer, gerando emprego e renda e garantindo um futuro melhor. Resta sabermos aproveitar essas oportunidades para trazer bons resultados ao nosso País.
(*) Tatiana Palermo foi Secretária de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2015-2016).
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