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reestruturação

Criticada por gigantismo, Embrapa enxuga áreas administrativas

No fim de 2017, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária já havia reduzido número de unidades de 46 para 42

Revisão da estrutura administrativa da Embrapa: em 2017, empresa já havia fechado algumas unidades de pesquisa | Hugo Arada/Gazeta do Povo
Revisão da estrutura administrativa da Embrapa: em 2017, empresa já havia fechado algumas unidades de pesquisa (Foto: Hugo Arada/Gazeta do Povo)

Alvo de polêmica após demitir e reintegrar um pesquisador que questionou o gigantismo, os altos salários e a visão estratégica da empresa, a Embrapa anunciou que irá reduzir de 15 para seis as áreas administrativas de sua sede, em Brasília, a partir desta quinta-feira, 1º de fevereiro. O ajuste envolverá ainda corte de funções gratificadas e alteração de toda a estrutura e processos, mas manterá o mesmo número de empregados (9.579).

Em nota à imprensa, a direção diz que a medida faz parte da maior mudança administrativa da história da estatal, que no final de 2017 já havia reduzido de 46 para 42 as unidades de pesquisa e inovação.

A revisão da governança da Embrapa seria uma resposta à “necessidade de ajustar a empresa às mudanças tecnológicas e sociais e aumentar a eficiência” – segundo o presidente Maurício Antonio Lopes. A redução dos recursos públicos também teria pesado na decisão de reformar a estrutura e a forma de gestão.

Embrapa: modelo 70/30 seria ideal

Maior instituição pública de pesquisa do País, a Embrapa tem o orçamento de R$ 3,5 bilhões ameaçado por um corte estimado em mais de 20% em 2018. No artigo que lhe rendeu demissão sumária no início de janeiro, o pesquisador Zander Navarro criticou, entre outras coisas, o modelo de gestão da empresa, a falta de rumo estratégico e os gastos excessivos com folha de pagamento. Navarro avisou que recorrerá à Justiça para reaver o emprego.

A Embrapa reconhece que despende cerca de 80% dos recursos com salários, quando “o ideal seria a relação 70/30, um padrão mundial”. Mas a restrição orçamentária não estaria permitindo melhorar essa relação.

“O mais importante é incorporar e reter talentos, pagando salários condizentes para um grupo de profissionais altamente qualificados, que permitem à empresa seguir gerando impactos positivos para a sociedade brasileira”, diz Maurício Lopes.

Anteriormente citado pelo jornal Estado de S. Paulo, o presidente da estatal havia confrontado Navarro, afirmando que o comprometimento acima de 80% do orçamento com salários não poderia ser tratado como custo. “Não podemos cair no discurso de que salário em instituição de ciência é custo. O principal pilar da (Embrapa) é o cérebro do pesquisador e temos de desmistificar isso”.

Revisão estratégica

A reestruturação e revisão de processos da sede da empresa irá se estender, num segundo momento, a todas as demais unidades. As medidas, segundo a Embrapa, têm apoio do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e do presidente do Conselho de Administração da Empresa, Eumar Novacki.

Nesta nova fase, a Embrapa quer facilitar o fluxo dos resultados de pesquisa para o mercado e obter recursos privados para financiamento de novos projetos. A ideia é reduzir a dependência de recursos do tesouro por meio de novos financiamentos da pesquisa, e, principalmente, a monetização de ativos tecnológicos gerados pela Empresa.

Para ampliar as parcerias público-privadas, a Embrapa espera aprovação no Congresso Nacional do Projeto de Lei que propõe o estabelecimento da EmbrapaTec, subsidiária que terá mais agilidade na área comercial. Outra alternativa em consideração é a criação de fundos patrimoniais, “mecanismo utilizado com sucesso em muitos países, que poderá no futuro financiar melhorias da infraestrutura e ações estratégicas, sem colocar em risco o patrimônio da Empresa, que pertence à sociedade brasileira”.

A Embrapa custa, anualmente, cerca de R$ 3,5 bilhões aos cofres públicos. Mantém mais de 80 programas de melhoramento genético diferentes, incluindo grãos, pastagens, frutas, hortaliças, mandioca, espécies florestais, pecuária e aquicultura. A estatal tem 9.579 empregados, sendo 2.438 pesquisadores. Eles atuam em equipes e redes desenvolvendo, atualmente, 1.117 projetos de pesquisa. A empresa arrecada anualmente em torno de R$ 128 milhões por meio de parcerias.

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