A Danone emitiu uma terceira nota oficial sobre a polêmica envolvendo declarações do diretor-financeiro e vice-presidente global da empresa, Juergen Esser, que em entrevista à Reuters afirmou que a multinacional francesa não comprava mais soja brasileira devido a problemas de sustentabilidade.
Desde que as palavras de Esser foram publicadas, na semana passada, houve uma enxurrada de reações negativas entre agricultores, consumidores e lideranças agropecuárias brasileiras, defendendo inclusive um boicote aos produtos da Danone. Seria uma forma de retaliar o que foi visto como uma medida difamatória da soja brasileira, líder mundial em exportações.
Nas duas primeiras notas a companhia foi reticente e se limitou a dizer que a soja brasileira é um insumo essencial "na cadeia de fornecimento da companhia do Brasil", não esclarecendo sobre as compras europeias. Dessa vez, contudo, a resposta foi objetiva e clara.
Soja brasileira é insumo essencial, diz Danone
"Reafirmamos que não há medidas restritivas à aquisição de soja brasileira dentro da cadeia de fornecedores da Danone em todo o mundo. Isso se aplica não apenas aos fornecedores no Brasil, mas também em outros países em que operamos. Reiteramos, as informações que circularam sobre este assunto não foram precisas. A Danone continua a comprar a soja brasileira, que continua sendo um insumo essencial para nossos produtores de leite". Quem assina a nota, que tem o timbre da sede da empresa em Paris, é Silvia Dávila, integrante do Comitê Executivo Global da Danone e presidente da companhia para a América do Sul.
O desmentido claro da Danone às declarações de um de seus principais executivos foi tardio, mas deve ajudar a estancar a crise instalada na imagem da companhia entre os brasileiros.
O ex-ministro da Agricultura Antônio Cabrera, indignado com o que classificou como campanha difamatória contra a soja brasileira, defendeu boicote aos produtos da Danone - até que houvesse uma retratação. Após a nova nota da companhia, Cabrera afirmou: "o agro é orgulho de todo brasileiro e, unidos, não seremos vencidos".
Faltou resposta rápida na crise
Na avaliação de Gabriel Rossi, professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) em São Paulo, a Danone pecou por não compreender seus públicos de interesse no Brasil, especificamente os 'players' do agronegócio.
"Uma declaração desastrosa como essa pode ter sérias repercussões e prejuízos para a imagem da marca e para sua cadeia de valor. Ademais, nesses casos, é importante que a empresa responda rapidamente e da forma mais clara possível, desmentindo a alegação e apresentando algum tipo de reparação", disse Rossi.
Em defesa da soja brasileira, a Aprosoja Brasil lembrou que o país é o único do mundo que preserva o meio ambiente e os recursos hídricos dentro das propriedades particulares. Pelo Código Florestal, cada produtor tem obrigação de preservar cobertura nativa em 20% a 80% dos sítios e fazendas. Até o Ministério da Agricultura emitiu nota oficial, destacando que, na comparação com outros países, há um "descolamento positivo em termos de ganhos de produtividade e redução de impactos negativos" da agropecuária brasileira.
Veja, abaixo, a terceira nota oficial da Danone, em inglês, negando qualquer boicote à soja brasileira por supostas alegações de falta de sustentabilidade.
Tensão aumenta na Coreia com conflito entre presidente e Parlamento
Justiça do Trabalho desafia STF e manda aplicativos contratarem trabalhadores
Correios adotam “medidas urgentes” para evitar “insolvência” após prejuízo recorde
Milei divulga ranking que mostra peso argentino como “melhor moeda do mundo” e real como a pior
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast