Investimentos bilionários ´turbinam´ o terminal paranaense, que se consolida como um dos principais portos da América Latina. Foram 43,9 milhões de toneladas de cargas entre janeiro e agosto deste ano (10% maior do que no mesmo período de 2019). “Na década de 1970 o Porto de Paranaguá movimentava 5 milhões de toneladas de grãos por ano. Atualmente, são mais de 5 milhões por mês”, disse o diretor-presidente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), Luiz Fernando Garcia. O volume total movimentado em Paranaguá em 2019 foi de 53 milhões de toneladas, sendo 39,7 milhões de janeiro a setembro.
De acordo com o executivo, o porto está preparado, mas é sempre importante avançar e melhorar. Entre os principais investimentos feitos no porto paranaense foi no Terminal de Containers de Paranaguá (TCP). A renovação do contrato de arrendamento do terminal foi feita em 2016 e garantiu que até 2047 sejam injetados R$ 1,3 bilhão, sendo que nos primeiros quatro anos de acordo já foram investidos R$ 700 milhões.
“Esse terminal de containers também é o com maior capacidade de receber containers frigorificados. Ninguém no país tem uma condição logística tão boa para operar esse tipo de carga quanto Paranaguá. Esse foi um dos grandes elementos que contribuiu para esse aumento e garantirá a sustentabilidade caso a demanda aumente ainda mais”, analisou Luiz Fernando Garcia.
Em Paranaguá há também a previsão de uma obra de derrocagem, de R$ 23 milhões, investimento público, que irá permitir ganho de 1,20 m de profundidade. Essa marca vai possibilitar aos navios que atracam no local possam carregar 7 mil toneladas ou até 500 containers por cada novo metro aberto. Já houve a autorização para a contratação de outras obras, cujos investimentos privados serão de R$ 117,7 milhões.
Em setembro, o Porto de Paranaguá também recebeu a assinatura para a contratação de novas obras, com a ampliação do cais. O berço 201 foi modernizado e o cais de atracação foi prolongado em 100 metros. Os investimentos da empresa pública Portos do Paraná somam R$ 201,7 milhões e vão aumentar em 140% a capacidade atual de movimentação de cargas naquele berço.
Também foi foco da APPA nos últimos dez anos organizar o fluxo de chegada das cargas ao Porto de Paranaguá. Qualquer caminhão em direção ao ancoradouro é monitorado e tem uma janela para chegar e desembarcar, evitando assim congestionamento na cidade e demora para o transporte dos produtos até os terminais.
“Sabemos que se as cargas transitam pelos portos do Paraná é por que há uma competitividade quando se compara com os portos de Santa Catarina. Então nós temos que estar muito mais competitivos. E isso não se dá apenas na qualidade da operação da carga, mas também no custo”, afirmou o diretor-presidente do Porto de Paranaguá.
Como pano de fundo do desempenho em Paranaguá, o crescimento da agropecuária, mesmo em tempos de pandemia - com uma previsão de aumento do PIB (Produto Interno Bruto) entre 2% e 3% em 2020 para essa área. A produção e exportação de soja e milho faz dessas commodities as mais competitivas e rentáveis. Carne de frango, suína e bovina complementam o aumento das movimentações portuárias e os números em 2020.
O Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária em 2020 está estimado em R$ 689,9 bilhões, 7,6% maior em comparação ao resultado de 2019 (R$ 641,3 bilhões). A pecuária deve ter crescimento previsto de 6,7% (R$ 236,6 bilhões). Já as lavouras 8,3% de alta (R$ 453,3 bilhões). Os dados são do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
O aumento na movimentação não é exclusividade de Paranaguá. Os números também são positivos e outros portos da Região Sul (Itajaí, Rio Grande e São Francisco do Sul).
Rio Grande: adequação ao crescimento do agro
O superintendente dos Portos do Rio Grande do Sul, Fernando Estima, concorda com o executivo de Paranaguá e reforça que o setor portuário tem que se preparar para o crescimento e se adequar ao ritmo do escoamento de grãos e proteína animal. “Os portos têm a responsabilidade de escoar toda a produção nacional. Como dos dez principais itens embarcados para o mundo pelos ancoradouros nacionais em 2020, seis (soja, milho, carne de frango, carne bovina, farelo de soja e café) são oriundos da agropecuária, estamos totalmente ligados ao sucesso do agronegócio”, reforçou Fernando Estima.
Segundo ele, é fundamental estruturar melhor a logística, investir ainda mais nos portos, fazer o sistema marítimo mais econômico. Com isso, haverá maior competitividade e o frete ficará mais barato.
“Temos a projeção de crescer mais de 3% ao ano com os portos pegando uma carona em todo esse desenvolvimento do agronegócio brasileiro”, previu o superintendente dos Portos do RS.
A Superintendência dos Portos do RS divulgou o resultado do acumulado deste ano até agosto. O sistema portuário público gaúcho mostra mais de 3% de aumento e um incremento de mais de 4% de cargas somente no Porto do Rio Grande. Foram 28,9 milhões de toneladas movimentadas nos três portos públicos do Estado (Rio Grande, Porto Alegre e Pelotas), o que mostra uma variação positiva de 3,44% no volume de cargas, comparado com 2019.
O Porto de Rio Grande também confirma a tendência de que as exportações nacionais estão concentradas para a China. Desde 2017, mais da metade dos embarques que saem do ancoradouro tem como destino o país asiático.
A força da carne bovina e do frango em Itajaí
Já o Porto de Itajaí, outro importante ancoradouro da Região Sul, nos primeiros oito meses deste ano concentrou 63,2% das exportações do estado de Santa Catarina. E entre os principais produtos embarcados, mais uma vez o agronegócio tem dominado a agenda. Os sete primeiros itens exportados são todos ligados ao setor agropecuário, sendo que a carne de frango lidera a lista com mais de US$ 165 milhões gerados, seguida de perto da carne bovina, com US$ 145 milhões. Esse último produto, inclusive, foi responsável pelo maior crescimento nas exportações pelo Porto de Itajaí, saltando de US$ 85,8 milhões nos oito primeiros meses de 2019 para US$ 145 milhões no mesmo período de 2020, registrando alta de 68,8%.
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