A considerar a premissa de que o mercado internacional se caracteriza em uma relação de troca, o crescimento das exportações brasileiras na próxima década passa diretamente pela diversificação de produtos e mercados, tanto nos embarques quanto nas importações. É o que defende Tatiane Palermo, presidente da Palermo Strategic Consulting e ex-secretária de Relações Internacionais do MAPA: “precisamos ter mais acordos com mercados grandes, acordos comerciais para diversificarmos as exportações. Nós temos dois grandes problemas. A dependência de um mercado e a concentração de poucos produtos.”
O fechamento de novos acordos comerciais também impacta na redução tarifária de produtos industrializados – que geram maior valor agregado. Isso porque as taxas para as commodities agrícolas são menores e permitem maior fluidez no mercado internacional. Tatiana analisa que o Brasil tem pouquíssimos acordos e assim perde mercados para os concorrentes que tenham acordos para zerar tarifas. Além das tarifas, ela alerta para as escaladas tarifárias. Isso ocorre quando os produtos básicos têm taxa perto de zero e as tarifas para produtos processado são 100% maiores”, sentencia.
A especialista alerta que o Brasil está entre os 13 países que aplicam taxas para exportação mais alta do mundo, com 13,4%. Essa falta de reciprocidade também é um impeditivo para o crescimento nas exportações brasileiras. “Não temos como não exportar a matéria-prima. Precisamos sim aumentar nossas exportações totais por meio da integração ao comércio internacional com os acordos. Isso é vital para a recuperação brasileira pós-pandemia. Sem o comércio internacional o país não vai conseguir recursos para isso”, finalizou Palermo.
"Em 2020 as exportações são oito vezes maiores que as importações. E quando você senta para negociar com um país, ele rebate que não importamos quase nada, em especial produtos agrícolas."
Tatiana Palermo, presidente da Palermo Strategic Consulting e ex-secretária de Relações Internacionais do MAPA.
Para dar suporte a esse crescimento na exportação o setor de logística tem expectativa de diversificar o escoamento da produção nacional, em especial com foco nas ferrovias e hidrovias em todo país. “Está faltando uma política para as hidrovias. Como nosso grande volume transportado são as commodities, que tem um baixo valor agregado, elas precisam ter baixo valor de frete. Então só vamos ter uma competitividade maior quando priorizarmos as hidrovias e mantermos essa valorização nas ferrovias”, apontou Vaz.
O analista também destacou que o setor logístico já tem planos de continuar a investir na ampliação da infraestrutura do Arco Norte, possibilitando maior equilíbrio na distribuição das exportações pelos portos no país. Dentre esses investimentos estão a criação de um corredor rodo-hidroviário entre Pedral do Lourenço (TO) pelo Rio Tocantins até Marabá (PA) e também a construção de uma ferrovia entre Mara Rosa (GO) e Água Boa (MT). Além da ligação entre Lucas do Rio Verde (MT), a estrutura ferroviária entre Sinop (MT) e Miritituba (PA).
Vai piorar antes de melhorar: reforma complica sistema de impostos nos primeiros anos
Nova York e outros estados virando território canadense? Propostas de secessão expõem divisão nos EUA
Ação sobre documentos falsos dados a indígenas é engavetada e suspeitos invadem terras
“Estarrecedor”, afirma ONG anticorrupção sobre Gilmar Mendes em entrega de rodovia
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast