Márcio Trombini colhe cerca de 54 sacas de soja por hectare em sua pequena propriedade em Arapongas, Norte do Paraná. Há quatro anos ele faz o acompanhamento de pragas, doenças e inimigos naturais com o apoio do programa Manejo Integrado de Pragas (MIP). “Antigamente eu fazia de três a quatro aplicações de agrotóxicos na minha lavoura, mas no ano passado fiz apenas uma. Isso diminuiu meu custo e até aumentou a produtividade, além de ter um produto de melhor qualidade e não contaminar o solo, tendo menos riscos no futuro”, comemora o produtor. A redução no número de aplicações é resultado do acompanhamento semanal das lavouras, que permite o melhor controle no uso dos inseticidas e herbicidas. O monitoramento aponta o momento ideal de uso e as quantidades necessárias.
A produção de soja no Paraná se tornou referência no uso racional de agroquímicos exatamente pela sua considerável redução na quantidade aplicada. Nas últimas safras, graças ao MIP, nas unidades monitoradas já foi possível diminuir em até 53% a aplicação de inseticidas. Nessas áreas também foi verificado aumento da produtividade e na qualidade da produção. Isso acontece há pelo menos quatro safras, resultado de uma ação conjunta entre instituições de representação e pesquisa do agronegócio.
Desde 2012, cerca de 115 propriedades, que são unidades de referência, adotaram as ferramentas de manejo e observam a melhoria do cultivo, com um aumento de produtividade em cerca de três sacas por hectare. “Os produtores estão começando a perceber que se o manejo integrado de boas práticas for levado a sério, o produto final será melhor e o lucro ainda maior. É o equilíbrio econômico e ambiental que todos estamos buscando”, garante Nelson Harger, engenheiro agrônomo e coordenador estadual do Projeto Grãos da Emater.
Harger afirma que é possível fazer um uso racional dos agrotóxicos e garantir alimento seguro para a população, que cada vez mais exige um produto de qualidade e sabe da importância da valorização do meio ambiente na agricultura. “O uso excessivo ou a aplicação incorreta e sem controle adequado gera degradação no solo e poluição ambiental”, aponta.
“Integrar os manejos biológico, químico e genético, além de fazer um levantamento permanente de pragas e inimigos naturais é o que se espera de uma agricultura moderna e de resultados”, diz o coordenador. O produtor Márcio Trombini lembra que é um trabalho que acompanha a safra desde o início, e todos os anos, pois as condições da lavoura mudam e é preciso adaptar as técnicas usadas. “Isso faz com que a cada safra a gente possa ter uma redução dos custos e o aumento no lucro”, aponta.
Plante seu futuro
O Manejo Integrado de Pragas integra a campanha Plante Seu Futuro, desenvolvida pelo governo do estado com outras nove entidades do setor: Emater, Embrapa, Iapar, Faep, Fetaep, Ocepar, Itaipu, Ceasa e Adapar. A estratégia consiste em difundir técnicas e ferramentas de manejo que aliam produtividade e cuidado ambiental. São publicações técnicas e encontros de capacitação realizados em todo estado para levar informações aos produtores, com orientações sobre a adoção das boas práticas, que garantem incremento na produtividade e preservação ambiental.
“O manejo integrado e as boas práticas levam a um produto final melhor e a um lucro maior. É o equilíbrio econômico e ambiental que todos estamos buscando”.