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Em entrevista concedida no fim de semana durante a Sial Inspire Food Business, maior feira de alimentos e bebidas do mundo, em Paris, o embaixador do Brasil na França, Luís Fernando Serra, chamou o candidato do PT à Presidência Luís Inácio Lula da Silva de “chuchu da imprensa”. A declaração foi dada ao diplomata ser questionado sobre os cuidados do Brasil com a floresta amazônica.
"O pior incêndio deste século aconteceu em 2005, quando o presidente era Luís Inácio Lula da Silva. Dito pela Nasa. Eu falei isso em 2019. E todos vocês, jornalistas daqui da França, ficaram caladinhos. E sabem por quê? Por que Lula é o chuchu da imprensa, é o queridinho da imprensa”, afirmou o embaixador. Ele lembrou, ainda, que o Brasil tem uma das legislações ambientais mais rígidas do mundo e que o Código Florestal, quando assinado, há dez anos, foi amplamente aplaudido.
“A senhora sabe quem estava no governo há 10 anos? E hoje (o código) é criticado? Por quê? Acha que o código mudou? O código não mudou. Está aí, garantindo que o Brasil seja o dono da maior reserva florestal do planeta. Eu acho que há muito discurso protecionista por trás dessa história de sustentabilidade”, afirmou.
Competitividade brasileira incomoda europeus
Na conversa com jornalistas, Serra revelou que não consegue sequer ter uma audiência com o ministro das Relações Exteriores da França, quanto mais com o presidente Emmanuel Macron. E sugeriu uma explicação para a deselegância parisiense. “O problema é o seguinte. Não existe no mundo só a Europa. A Europa sabe que nós somos competitivos, e isso incomoda. Se você for ver um gráfico dos maiores exportadores de carne em 1965, entre os dez maiores havia cinco ou seis países europeus. A Argentina liderava com 450 mil toneladas de carne exportadas. E havia até a Dinamarca, que era grande exportadora, estava entre os dez primeiros. Em 2021, o Brasil é o maior exportador com 2,5 milhões de toneladas e não tem nem a bandeirinha da União Europeia entre os dez maiores. E o Brasil em 1965 era importador de carne. Olha como jogo mudou. Olha como nós viramos esse jogo. E tem gente incomodada com isso”, resumiu.
Mesmo dizendo que a França “tem orgulho” de bloquear o acordo do Mercosul com a União Europeia, o embaixador entende que o Brasil deve seguir fazendo a sua parte, investindo em rastreabilidades dos produtos, para provar que eles não vêm de áreas desmatadas, mas de regiões tradicionalmente dedicadas à agropecuária. Defendeu também uma política de agregação de valor - exportar café torrado em vez de café verde, por exemplo, para gerar emprego e renda no Brasil - e de diversificação de parceiros comerciais, para depender menos da China, para onde vão hoje 33% das exportações brasileiras. A Europa “é parte desses esforços”, enfatizou, lembrando que o continente já foi destino de 25% do comércio brasileiro, mas hoje representa apenas metade disso.