Ouça este conteúdo
Nesta terça-feira (26), o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que o desentendimento com Carrefour está superado após o pedido formal de desculpas emitido pelo CEO global do grupo por conta das críticas à qualidade da carne produzida no Brasil.
“Episódio superado e que fique um legado. Todos aqueles que quiserem discutir sustentabilidade, rastreabilidade, boas práticas, nós estamos abertos. Aqueles que ousarem falar mal dos produtos brasileiros terão resposta à altura como esse CEO do Carrefour teve”, disse Fávaro ao conversar com jornalistas.
Na semana passada, Bompard anunciou que a rede supermercadista francesa não compraria nenhuma carne proveniente do Mercosul nas suas unidades na França.
A restrição a Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai ocorreu em meio à onda de protestos de agricultores franceses contra a proposta de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o bloco da América do Sul.
Bompard disse que o acordo traria o "risco de a produção de carne que não cumpre com seus requisitos e padrões se espalhar pelo mercado francês".
Após a deflagração da crise com a declaração de Bompard, o setor brasileiro produtor de carne reagiu com um boicote ao Carrefour no Brasil e exigiu uma retratação pública como condição para retomar o fornecimento de carne.
CEO não indica se voltará a comprar carne do Mercosul para o Carrefour na França
Apesar de lamentar a confusão com o mercado brasileiro e pedir que sua fala anterior não seja "interpretada como questionamento da parceria com a agricultura brasileira", Bompard não deixou claro se o Carrefour na França voltará a comprar carnes do Mercosul.
Lira pede mobilização dos outros membros do Mercosul
Após a declaração de Fávaro, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que os outros países do Mercosul devem se mobilizar, pois, a crítica do Carrefour à qualidade da carne não foi direcionada apenas ao Brasil.
“Como o Brasil faz parte e é o player principal, lógico que a gente se preocupa com toda a cadeia de difamação da produção brasileira do agronegócio”, disse Lira.
Para o presidente da Câmara, o pedido de desculpas emitido pelo CEO do Carrefour foi “fraco”.
Para Lira, o boicote de empresas francesas à carne brasileira “não vai modificar em nada a vida dos produtores das exportações brasileiras”.
“Qualquer falta de vontade dos franceses em contato com o produto brasileiro. Mas o estrago na imagem, a repercussão em outros mercados, a ciranda que isso pode causar é preocupante”, afirmou.