O plantio de lavouras que vão além do horizonte exige reforço no controle de doenças, plantas daninhas e insetos que ameaçam a soja. Nos últimos anos, por exemplo, surgiram inimigos de peso como a ferrugem asiática, a lagarta Helicoverpa armigera e a buva resistente ao glifosato. Segundo os especialistas, a situação foi controlada, mas com aumento nos custos.
O gerente de Educação da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Fábio Kagi, avalia que houve evolução expressiva no manejo. “O produtor acompanhou o avanço das tecnologias. A própria indústria [de insumos] e o trabalho dos consultores e extensionistas ajudaram no controle.” Gastar mais na defesa das lavouras significa preservar produtividade e evitar perdas expressivas. Estudo da Embrapa e da Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária (SBDA) mostra que só no caso da ferrugem as perdas dos sojicultores somaram US$ 25 bilhões entre 2003 e 2013. O valor inclui custos extras de aplicações e redução no potencial de produção das lavouras.
No caso da Helicoverpa armigera, houve alarde após o surto de 2012/13. Os produtores gastaram até R$ 200 a mais por hectare em aplicações para tentar controlar o inseto. Em paralelo o governo federal interviu, liberando a importação emergencial de defensivos capazes de controlar a praga. No fim, as perdas passaram de US$ 1 bilhão, conforme análise da Embrapa.
No caso das plantas daninhas resistentes a herbicidas, apontadas como a maior ameaça dos próximos anos, o controle depende de mudanças na própria rotação de culturas, com impactos ainda em avaliação.
Plantas daninhas mais fortes que herbicidas exigem manejo orquestrado
As ameaças sanitárias que vão atormentar os produtores de soja do Brasil nos próximos anos já estão no país. Os técnicos e pesquisadores adiantam que a principal preocupação será controlar plantas daninhas que sobrevivem a aplicações de glifosato, o herbicida mais usado pela agricultura brasileira, e consomem nutrientes do solo e energia solar.
Hoje o país possui seis plantas com esse tipo de característica (azevém, capim-amargoso, capim-branco e três espécies de buva), mas há outras 23 em lavouras do exterior. A entrada dessas espécies em solo brasileiro passa a depender de controle sanitário e de condições climáticas.
Mais uma vez, a saída é apostar em mudanças no manejo, defende o pesquisador da Embrapa Soja, de Londrina, Fernando Adegas. “O ideal é fazer uma rotação de herbicidas, associada a práticas como a rotação de culturas e a presença de uma boa cobertura de solo”, aponta.
A migração de pragas é outra preocupação. Pesquisa da Embrapa e da Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária (SBDA) aponta que predadores como o pulgão da soja, que reduz em até 50% o desempenho das lavouras, podem chegar ao país. A praga era restrita aos países asiáticos, mas desde 2000 vêm sendo encontrados focos em fazendas norte-americanas. O Sul do Brasil seria a região com maior exposição ao risco atualmente, indicam os especialistas.