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O produtor Matt McGinnis, em Indianola (EUA). Salto na produção norte-americana impõe desafio à agricultura brasileira | Jonathan Campos/gazeta Doa€‰povo
O produtor Matt McGinnis, em Indianola (EUA). Salto na produção norte-americana impõe desafio à agricultura brasileira| Foto: Jonathan Campos/gazeta Doa€‰povo

O crescimento contínuo da produção levou o Brasil ao topo do ranking mundial de exportação de soja. Mas o país não está sozinho. Os Estados Unidos, que nesta temporada abrem vantagem de mais de 10 milhões de toneladas na produção, deverão disputar a liderança global nas exportações, após os brasileiros terem fechado as últimas duas safras à frente dos norte-americanos. Uma competição entre gigantes que faz com que 75% da produção (ou 252,4 milhões de toneladas, em 2014/15) se concentrem nas Américas.

Os números mais recentes do Usda, o departamento de agricultura dos EUA, para o ano-safra 2014/15 (setembro de 2014 a agosto de 2015) mostram um empate técnico entre os embarques norte-americanos e os brasileiros. A previsão é que 46,8 milhões de toneladas sejam exportadas pelos EUA e 46,7 milhões de toneladas pelo Brasil.

Ainda que os EUA reassumam a ponta, essa liderança deve ser temporária, defende Eugênio Stefanelo, técnico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no Paraná. “Em poucos anos fatalmente passaremos os EUA novamente. Diferente do Brasil, eles não têm áreas novas para incorporar”, aponta o economista, citando a nova fronteira agrícola do Matopiba como o grande trunfo brasileiro sobre os norte-americanos.

“Nos próximos dez anos, o mundo vai demandar 70 milhões de toneladas adicionais. E a América do Sul, liderada pelo Brasil, é a única região do mundo com vocação natural para atender a essa demanda”, afirma Steve Cachia, diretor de Inteligência de Mercado da Cerealpar. Segundo os especialistas, a marca das 100 milhões de toneladas de soja, rompida pelos EUA neste ano, deve ser atingida no Brasil ainda nesta década, alavancada não apenas pelo crescimento da área dedicada à cultura, mas, principalmente, por ganhos de produtividade.

Para este ano, a expectativa é de uma colheita de 94,5 milhões de toneladas no Brasil, segundo a Expedição Safra Gazeta do Povo – volume que, somado às cerca de 55 milhões de toneladas da Argentina e 16 milhões de toneladas de Paraguai, Uruguai e Bolívia, colocam a América do Sul em posição de destaque no ‘mapa mundi’ da soja. “Se formos analisar a América do Sul enquanto núcleo de produção, a liderança é incontestável, com larga vantagem sobre os EUA. Esses novos players como Paraguai e Uruguai são fundamentais nesse processo”, pontua Cachia.

Segundo os analistas, a única região do globo que teria potencial para ameaçar a supremacia sul-americana na soja seria a África. “O lançamento de cultivares resistentes a estresse hídrico deve colocar o continente africano no mapa da soja, mas essa é uma realidade que só deve começar chegar aos campos nos próximos 10 ou 15 anos. Diria que pelo menos nos próximos 50 anos a liderança permanecerá com a América do Sul”, prevê Stefanelo. Para o economista, a evolução natural desse protagonismo na produção de soja seria a ponta na produção de leite e carnes. “E é para lá que estamos caminhando”, avalia.

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