| Foto: Albari Rosa/ Gazeta Do Povo
Nonô Pereira viveu e mudou a história da agricultura brasileira.

De Norte a Sul e de Leste a Oeste do Brasil existe, ao menos, uma unanimidade no agronegócio: o Sistema Plantio Direto (SPD) revolucionou a agricultura. Associado a novas tecnologias, o SPD aposentou os arados e abriu caminho para expansão das lavouras e consecutivos recordes de produtividade, especialmente na soja. Atualmente, predomina em 80% dos 36 milhões de hectares dedicados à produção de grãos.

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Desenvolvido há quatro décadas, no Paraná, o SPD se confirmou como contribuição decisiva do estado para viabilizar as lavouras nas novas fronteiras agrícolas do país. Ao dispensar o revolvimento do solo — que sempre era feito antes do plantio, para que as plantas daninhas fossem arrancadas e a terra ficasse menos compactada —, reduziu problemas como a erosão e a perda de água e nutrientes, quadro que teve reflexo automático na produtividade.

“O modelo [anterior] era agressivo. O plantio direto foi a salvação da lavoura. Produzir 3 mil quilos de soja por hectare parecia inatingível”, afirma o agrônomo Norberto Ortigara, hoje secretário da Agricultura do Paraná. Décadas atrás, época em que percorria as diversas regiões do estado como técnico, Ortigara viu muita “terra arrasada” pelo constante uso de arados, que expunha o solo ao sol e às enxurradas.

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Essa exposição é ainda mais arrasadora em regiões arenosas como o Cerrado, que abrange o corredor de Mato Grosso ao Maranhão. O SPD foi fundamental para a expansão da fronteira agrícola, aponta o pesquisador Henrique Debiasi, da Embrapa Soja. Áreas consideradas inúteis para a produção de grãos foram “revitalizadas” nas últimas três décadas.

Sem o sistema, seria inviável a segunda safra de milho, acrescenta. O cereal é plantado durante a própria colheita da oleaginosa, numa dinâmica que põe plantadeiras trabalhando logo atrás das colheitadeiras. “A janela seria curta para preparar o solo para o milho”, explica. Há 30 anos, a Embrapa Soja realiza experimentos com plantio direto. Os resultados comprovam a eficiência do sistema: em média, a produtividade da soja numa área de plantio direto é 27% maior do que numa lavoura convencional. “Em alguns casos a vantagem chega a 60%”, garante Debiasi.

“A qualidade do solo gerada pelo plantio direto atingiu a planilha de custo. Os nutrientes foram mantidos, reduzindo gastos. Hoje são anos de fartura no solo”, destaca Manoel Henrique “Nonô” Pereira, um dos pioneiros do sistema no Brasil.

Herança paranaense

 
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