No mês em que o produtor paranaense se prepara para iniciar o plantio de uma nova safra, os preços do feijão apontam para cima e prometem estimular o plantio das águas depois de três anos de redução na área de cultivo. A saca de 60 quilos do carioca passou de R$ 150 e a do preto rondava os R$ 140 na última semana no estado – uma valorização de cerca de 40% na comparação com as médias registradas na abertura do ciclo das águas do ano passado.
Mas o produtor sabe muito bem que essa valorização é sazonal e que preços bons agora são garantia de remuneração na hora da colheita. Num mercado em que oscilações extremas nas cotações são comuns, é preciso buscar equilíbrio. Foi pensando nisso que os produtores dos Campos Gerais – um dos principais polos de produção de feijão do estado– resolveram eliminar os atravessadores e investir em uma estrutura de beneficiamento própria.
“Agora é possível fechar o ciclo, do campo à indústria. O mercado é uma guerra e, assim, a produção tem destino garantido”, diz o agricultor Alexander Augustus Mittelstedt, que produz o grão em 230 hectares na sua propriedade em Ponta Grossa. “Além da tranquilidade na entrega, o produtor está recebendo entre 10% a 20% a mais pelo feijão”, complementa Everson Lugarezi, gerente de Negócios Feijão da Castrolanda.
Com capacidade para receber 120 toneladas por hora, Unidade de Beneficiamento de Feijão (UBF) da Castrolanda, inaugurada em novembro do ano passado, recebe apenas um quarto da produção total dos associados da cooperativa, que chega a 60 mil toneladas anuais. Neste primeiro momento, a maior parte das 15 mil toneladas/ano beneficiadas na UBF é vendida a granel para terceiros. Pouco menos de um terço dos grãos são empacotados e distribuídos em embalagens de um quilo com marca própria.
A meta é, futuramente, beneficiar, empacotar e comercializar todo o volume produzido pelos cooperados. “A unidade foi construída para expansão. Há terreno para isso”, explica Lugarezi.
Ciclo completo
A Unidade de Beneficiamento de Feijão (UBF) da Castrolanda promete atenuar as variações de preços do produto aos associados da cooperativa. O grão, antes entregue para atravessadores, agora ocupa os armazéns da cooperativa antes de passar por limpeza, secagem, seleção e empacotamento, num total de 12 processos.
Na primeira fase do projeto, 30% dos grãos beneficiados na unidade empacotados e distribuídos com a marca Feijão Tropeiro em supermercados da região dos Campos Gerais, Curitiba, Região Metropolitana da capital e no litoral do estado. O plano de negócio prevê, no curto prazo, atingir todas as praças do Paraná e chegar aos mercados dos outros estados do Sul e, numa terceira etapa, Sudeste.