A região dos Campos Gerais foi a pioneira no plantio direto na palha há quatro décadas. Agora, inova com a criação do Centro de Excelência em Plantio Direto. Ele será construído na Fazenda Escola Capão da Onça, ligada à Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Além de difundir as técnicas dessa modalidade, o Centro irá pesquisar as novas tecnologias ligadas ao plantio direto.
O Centro nasceu de uma conversa entre o agricultor Manoel Henrique Pereira (Nonô Pereira) e o professor João Carlos de Moraes Sá, do curso de Agronomia da UEPG, ainda em 2010. Nonô se prontificou em doar o acervo do minimuseu do plantio direto, que existe num barracão de sua fazenda, em Palmeira, nos Campos Gerais, enquanto o professor se dispôs a levar a proposta para os coordenadores da UEPG. Foi montado um projeto e apresentado ao governo estadual.
No início de maio, uma solenidade na UEPG marcou o repasse de R$ 2 milhões para a construção do Centro. Dois meses depois, os projetos eram finalizados para, enfim, dar entrada ao edital de licitação para a escolha da empreiteira que construirá o Centro. A previsão, conforme o professor Sá, é iniciar a obra ainda neste ano e inaugurar o espaço no primeiro semestre de 2015.
O Centro de Excelência terá museu, que será formado principalmente pelas peças doadas por Nonô, anfiteatro para palestras, salas de treinamento e a própria área da Fazenda Escola para as aulas de campo. O local será destinado para os cursos técnicos, de graduação e pós-graduação, além de cursos específicos para agricultores.
O plantio direto na palha aproveita os restos da cultura anterior e provoca menos desgaste de solo, evitando erosão. A tecnologia foi criada no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, mas foram produtores dos Campos Gerais que tomaram a iniciativa de visitar os precursores e disseminar a técnica no Brasil. No início dos anos 70, o Brasil cultivava 180 hectares de área com plantio direto. Hoje estima-se que mais de 35 milhões de hectares (mais de 70% da área de grãos) adotam o sistema.
O gerente técnico do Sistema Ocepar, Flávio Turra, estima que o uso do plantio direto no estado alcance 90% da área agrícola. Para isso, há pelo menos 2 mil profissionais ligados às cooperativas, entre técnicos e engenheiros agrônomos, que estimulam a adoção do sistema entre os cooperados, estima.
Conforme Nonô, apesar de o plantio direto ser objeto de estudos há cerca de 40 anos, sempre há algo a mais para pesquisar. “Nos seres humanos, sempre se está descobrindo uma moléstia nova que precisa ser pesquisada. No solo também. Por isso, não há limites para a ciência”, completa.
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